Comportamentos díspares das economias sugerem volatilidade

Atividade manufatureira da China emitindo sinais positivos, porém na contramão dos sinais emitidos pela economia dos Estados Unidos e Europa que contrariam as expectativas, revelando dificuldades em manter  tendência sustentável que revele recuperação, e, o Brasil com a atividade da sua indústria decepcionando e já emitindo sinais de desemprego, e a economia como um todo revelando-se incapaz de retomar ritmo.

Este contexto assimétrico em torno das principais economias e mais o Brasil com o seu crescimento nanico que repercute em queda de arrecadação num ambiente em que os gastos se mantém não equalizados a esta realidade, acaba construindo “déficits primários” que minam a sua capacidade de atingir o superávit primário mínimo assumido como compromisso, recolocando-o sob os holofotes das agencias de rating e dos investidores internacionais.

Isto acaba por gerar volatilidade nos nossos mercados, levando o dólar a ter seu preço apreciado num dia e depreciado noutro, o mesmo acontecendo com a Bovespa, revelando uma insegurança para os investidores e riscos de perdas para o capital especulativo forjados em operações de “carry trade”, que segundo matérias jornalísticas críveis, já estão chegando a exaustão, pois não está fácil obter ganhos especulativos com estes recursos neste momento.

Entendemos que esta volatilidade nos nossos mercados seja o prenúncio da intensificação maior que deverá ocorrer de saída de recursos do país, a começar pelos de natureza especulativa, fase em que o BC terá muita atividade intervencionista no mercado cambial.

Sinais por atitudes preventivas adotadas já ocorreram por parte da autoridade monetária, que acreditamos trabalha com a perspectiva efetiva de aumento da demanda no mercado à vista e eventual queda de demanda no mercado futuro.

O BC busca municiar o mercado cambial com liquidez nos segmentos futuro, onde é o agente supridor da liquidez pré-anunciada, e no segmento à vista, onde não deseja, em primeira instância, ser o gerador final da liquidez, mas sim sendo o agente financiador dos bancos para que deem suporte à liquidez com a ampliação de suas posições vendidas.

No segmento futuro parece que a estratégia está bem definida, embora se espere menor demanda neste segmento, mas o à vista o contexto ainda deixa dúvidas se os bancos continuarão sendo os geradores finais da liquidez através ampliação de suas posições vendidas, já que para tanto deve existir ambiente que lhes permita ganho de arbitragem entre o custo das linhas de financiamentos e a rentabilidade do cupom cambial.

A não convergência de interesses entre bancos e BC no leilão de US$ 3,5 Bi de linhas realizado na segunda feira deixou incertezas sobre as causas.

O dado positivo do mês de junho veio no desempenho da balança comercial que registrou superávit de US$ 2,365 Bi, com a ajuda pontual de US$ 1,4 Bi de exportações de petróleo e um recuo de quase 4% nas importações e exportações de “commodities”. Com este resultado o déficit da balança comercial no ano foi reduzido para US$ 2,49 Bi.

É notória a ocorrência de fatores extremamente pontuais na obtenção deste resultado positivo em maio, que poderá não se repetir mais, salvo a redução do volume de importações que é consequente da redução da atividade industrial brasileira.

O 1º dia útil do semestre, como reflexo da apuração de balanços pelas instituições bancárias, costumeiramente apresenta menor volume de negócios operacionalizado, contudo, continuamos considerando que neste 2º semestre teremos um comportamento do mercado cambial bastante diferente do 1º semestre.

As perspectivas para o preço do dólar no final do ano continuam, no nosso entender, entre a mínima de R$ 2,40 e a máxima de 2,55, tendo como fatores determinantes o crescimento do fluxo negativo liquido de recursos para o país, que poderá agravar-se mais ou menos adicionalmente em razão de eventuais sinalizações do FED americano acerca de mudanças em sua política monetária.

 

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