Findo o mês de janeiro e as perspectivas para a retomada da atividade econômica no Brasil não revelam nada de novo, aliás, muito pelo contrário, é crescente a percepção de que em termos efetivos nada foi feito que motive alteração da visão de que 2016 possa ser um ano pior do que 2015.
A indústria revelou números melancólicos de sua retração de atividade em 2015. No ano quebrou recorde de retração ao registrar 8,3%, no confronto dezembro 2015/2014 atingiu exuberante queda de 11,9% e no mês de dezembro retrocedeu 0,7% ante projeção de 0,3%. A retração da categoria Bens de Capital, medida importante de investimento, registrou o pior desempenho em 2015, com queda de 25,5%.
É inquestionável de que esta tendência deverá persistir de forma resistente em 2016, trazendo de forma mais evidente o desemprego em massa, após ter fechado mais de 1,5 m em 2015.
O governo lançou um plano visando fomentar a atividade envolvendo R$ 83,0 Bi, dos quais R$ 49,0 Bi oriundos do FGTS, buscando repetir o que já foi feito anteriormente com a colaboração do agora Ministro da Fazenda. Os tempos mudaram, ocorre uma visão errática ao supor existência de demanda reprimida no crédito e no consumo, por isso foi considerado um plano “natimorto”. Agora há muito endividamento e tendência de crescente inadimplência por grande parte da sociedade, em especial das classes mais baixas.
A inflação continua excessivamente aquecida e de característica inercial, portanto pouco sensível a aumento de juro. Neste contexto seria imperativo que o governo cortasse drasticamente os seus gastos, mas não o faz e almeja convencer o Congresso a aprovar a volta da CPMF e mudanças na área previdenciária. A volta da CPMF seria mais um indutor ao aumento da queda de investimentos e é um tributo de má qualidade.
O governo parece demonstrar certa impaciência com a postura do seu Banco Central e o pressiona a baixar o juro, não sendo descartável a ideia de que ao longo do ano possam ocorrer mudanças de dirigentes naquele órgão. A mais recente decisão do COPOM sobre a taxa SELIC deixou evidente a interferência direta da Presidenta Dilma.
O mundo financeiro e seus organismos mais próximos passaram a ser rigorosos críticos ao quadro brasileiro.
Os bônus brasileiros pagam taxas elevadíssimas atualmente no mercado internacional e já não há facilidade de colocação de papéis como outrora, o que impacta inflacionariamente no nosso mercado doméstico.
FMI emite nota de análise e destaca perspectivas amplamente negativas para o Brasil em 2016. Jornais/revistas de grande influência como FT, The Economist, WSJ, Washington Post, etc. são críticos severos ao país.
Então, a agência de rating Moody´s inicia visita para “sentir de perto” a situação econômica do Brasil, sendo a única dentre as três maiores que ainda mantém o Brasil como grau de investimento. Há uma grandeza de motivos para que derrube o nosso rating e também nos retire o grau de investimentos.
Há inúmeros percalços na trajetória do Brasil este ano e que parece não estar sendo bem considerados pelos analistas, que entre os arroubos que se observa falam em zeragem do déficit externo, excepcional saldo na balança comercial, dólar fechando o ano em R$ 4,35 e inflação de 7,26%.
Alguém em sã consciência pode admitir que a taxa atual em torno de R$ 3,95 tem sinergia com o contexto da economia brasileira como um todo e seus números mais recentes? Certamente não, então o conselho aos que ainda pretendem viajar é comprem já! E se tiver exposições pagáveis em moeda estrangeira e recursos financeiros suficientes quitem, pois esta taxa poderá chegar a R$ 5,00 ao final do ano, algo como 25% acima dos níveis atuais.
O país não tem atratividade para investidores externos, mesmo quando se fala que o Brasil está barato devido a desvalorização do real, mas é imperativo que a economia tenha condições de proporcionar retorno ao capital.
Por outro lado, com a tendência de queda do juro e a elevação do seu conceito de grau de risco e a possibilidade da Moody´s rebaixar o seu rating, está presente o fator determinante ao incremento das saídas de recursos aplicados em renda fixa e/ou variável.
Nas exportações o país é largamente dependente da CHINA e esta tem um quadro nebuloso, e nossas exportações, embora proporcionando aumento de remuneração aos exportadores, tende a gerar menor ingresso de divisas decorrente do preço no mercado internacional. Já se viu isto em janeiro com as exportações de frangos.
O Brasil ainda não encontrou “caminhos” para sair do atoleiro onde se meteu tudo que se fala é muito superficial e pouco exequível, e este deverá ser o cenário constante em 2016, cuja percepção será maior quando se fechar o 1º trimestre.
Então, não vemos saídas rápidas, mas sim desgastes se acentuando e incrementando a desesperança da sociedade como um todo.
No setor externo o país deverá conviver com um ambiente hostil e que sugere que tenhamos cenário muito diferente do que vem sendo propagado por análises recentes.
Riscos de piora são crescentes, por isso esta taxa de R$ 3,95 nada tem a ver com a realidade brasileira e suas perspectivas mais imediatas.