As posições “compradas” dos bancos no mercado à vista estão praticamente “zeradas”. Quem será o fomentador da liquidez? Os bancos assumindo “posições vendidas” ou o BC fazendo leilões de moeda efetiva?

O Brasil de hoje é o mesmo da semana passada e de alguns meses atrás, portanto, não há fundamentos para sustentar que “a aversão a risco” diminuiu, etc.

Nem a China, onde as autoridades anunciaram que não desejam um crescimento abaixo de 7%, deve entusiasmar, pois, se é necessária esta afirmação é sinal de que o ritmo está abaixo, então, ao invés de euforismo deveria gerar preocupação. Aliás, o PMI divulgado ontem está na linha da preocupação.

O país vive uma situação complexa ao conviver com inflação crescente e inanição no crescimento, e busca uma solução não prevista nos princípios econômicos qual seja combater eficientemente a inflação e estimular o crescimento econômico, ao mesmo tempo.

A resultante presumível deste empenho tem enorme probabilidade de insucesso frente aos dois problemas, já que o esforço num sentido é absolutamente opositor ao outro.

O governo procura sustentar um discurso de otimismo, por vezes exagerado, por isto pouco crível, mas a realidade está muito perceptível e o último bastião da resistência, o emprego, começa a dar sinais de fragilização.

O conjunto deste quadro cria e estimula a perda de confiança por parte de empresários e famílias, como bem detectou o Banco Central do Brasil, que também tem a percepção de que a inflação presente é resistente e está ganhando um aliado difícil de ser controlado, o dólar, e que a gestão da política fiscal continua sendo expansionista, mesmo que os gestores dela procurem atenuar esta realidade com cortes discretos nos gastos.

O déficit em transações correntes está em plena evolução e as observações enfáticas sobre o retrocesso ocorrido em junho certamente não observaram detalhes importantes. Tivemos um considerável volume de ingressos direcionados para renda fixa, é verdade, que precisa ser avaliado se pontual ou tendência, mas tivemos um movimento atípico de quase US$ 5,0 Bi de repatriação de empréstimos “intercompanies” concedidos por nacionais a suas filiais externas, caso contrário não teria havido a queda do déficit tão considerada nas apresentações e na mídia.

As projeções indicam que precisaremos de no mínimo US$ 18,0 Bi de captações líquidas via balança comercial e ingressos para renda fixa e/ou variável, considerando estáticas as projeções do BC e do mercado para o déficit em transações correntes e para os IED´s.

A perspectiva e as incertezas em torno do cenário é que fundamentam a tendência de alta do preço da moeda americana.

A alta da Selic estimula que ocorram operações de arbitragens nos balcões do mercado internacional envolvendo real/dólar/juro e que impactam na formação do preço da moeda americana localmente, sem que ocorram movimentos efetivos de ingressos ou saídas de divisas no país.

Além disto, até agora a alta decorria de pressões advindas do mercado futuro, por demanda efetiva interna de proteção (hedge) ou formação de posições especulativas.

Contudo, agora com os bancos com as suas posições “compradas” exauridas será necessário suprir o mercado de câmbio à vista com liquidez.
Como o fluxo cambial está desfavorável e esta é a tendência, há a incerteza sobre quem suprirá o mercado de câmbio à vista com liquidez.

Bancos ou o BC?

Bancos com posições vendidas, ancoradas em linhas externas ou mesmo com linhas concedidas via leilão conjugado de venda e compra, parece ser o caminho desejado pelo BC, que assim se poupará de dar evidência a esta fragilidade do país neste momento, mas o cenário prospectivo pode determinar alguma resistência por parte dos bancos, em face à baixa perspectiva de que o fluxo cambial melhore para o país no curto/médio prazo.

Banco Central? Pode ser conduzido a isto, mas procurará contornar de toda a forma esta situação, pois poderá motivar o desencadeamento de movimento especulativo sobre o real, e isto seria totalmente adverso ao país.

Enfim, o BC já destacou e há efetivamente muitas razões fundamentadas que fazem do preço da moeda americana uma preocupação presente, pois o seu preço tem um poder muito grande de, em alta, disseminar rapidamente seus efeitos inflacionários.

Não devemos nos enganar com momentos de volatilidade que apreciam o real, o viés é fundamentado e consistente de alta.

 

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