O número é realmente feio e decepcionante, não há como vê-lo de outra forma.
O investimento continua desapontador e como causa mais acentuada do decepcionante desempenho e a FBCF com queda de 4% é a evidência inquestionável da falta de confiança do empresariado.
Chegamos ao ponto de certo entusiasmo com a melhora do nível de investimento no 4º trimestre de 2012 que apresentou crescimento de 0,5%.
O BC vê crescimento gradual com a demanda doméstica sendo o suporte da economia, que cresceu 0,6% no 4º trimestre.
Estas reações deixam evidente que a “esperança” continua sendo o ponto de apoio para num contexto adverso se encontrar algum otimismo.
Enfim, foi tudo muito modesto para um país da nossa dimensão, e isto é fácil de constatar quando observamos os níveis de investimentos e crescimento dos nossos países vizinhos na América Latina, ou até mesmo o crescimento dos Estados Unidos, sabidamente em crise e com inúmeros problemas internos.
Por isso, entendemos que o péssimo resultado deva ser avaliado pelas razões que determinaram seu desapontamento, para que o governo possa buscar os acertos a partir do conhecimento das efetivas causas. E, que não se exporte as responsabilidades pelo desempenho pífio à crise internacional.
O governo precisa ouvir os setores produtivos constantemente e observar onde estão os entraves à propensão a investir, implementando mais ações efetivas e menos discursos e propagação de projeções improváveis no quadro atual.
O primeiro passo para a cura é o paciente reconhecer que está doente.
O “Road show” internacional focando o investimento externo para o aperfeiçoamento e desenvolvimento da nossa infraestrutura é um passo importante, embora tardio, mas na direção certa para dar evidência às nossas oportunidades e, com isto focar a modernização do país e, como consequência, conquistar importantes volumes de investimentos estrangeiros, que certamente contribuirão para a melhora do nosso fluxo cambial que está debilitado, além da competitividade e produtividade.
O grande conflito do Brasil é a imperativa necessidade de crescer num ambiente inflacionário que precisa ser revertido, que sugere que se faça opção por um dos dois e que indica que ao se buscar ambos ao mesmo tempo a resultante seja o insucesso.
O câmbio deprimido pró-controle inflacionário é desestimulante ao setor produtivo e causa reflexos no desempenho da nossa balança comercial, para a qual se espera uma melhora com as exportações da safra agrícola, mas não solução.
Em fevereiro, o saldo da nossa balança comercial foi negativo em US$ 1,27 Bi, o maior para o mês desde 1959, após ter sido negativo em US$ 4,036 Bi em janeiro deste ano. No total o resultado dos dois primeiros meses é negativo em US$ 5,312 Bi.
Os investimentos estrangeiros de todas as naturezas tem viés cadente.
O fluxo cambial persiste negativo em janeiro e fevereiro deste ano, tendência que se verifica desde agosto de 2012, exceto o mês de novembro.
O contexto geral coloca 2013 com uma perspectiva melhor só no discurso otimista, principalmente do governo, mas há um grande risco de não ser muito diferente de 2012.
O modelo da demanda doméstica dar suporte à economia já demonstrou fragilidade no desempenho de 2012 e poderá não ter desempenho satisfatório neste 2013 onde haverá reflexos sobre a dinâmica do emprego.
Tudo deixa evidente que a apreciação do real é inadequada neste momento e gera mais danos do que benefícios, e, que cada vez mais fica evidente que o governo precisará elevar a taxa SELIC para conter as pressões inflacionárias; não nesta reunião, mas à partir de Abril.
É um quadro muito complexo que impõe a necessidade do governo fazer a opção pelo crescimento ou pela contenção da inflação. Se optar por ambos pode colher o fracasso.
Parece nos bastante insustentável a manutenção do câmbio depreciado, pois, a despeito de qual seja a intenção do governo, os fatores próprios do mercado de câmbio serão forte obstáculo.
Por isso, entendemos que o governo observe mais as desvirtudes do nosso PIB 2012, do que fique identificando virtudes, até porque não tem muito tempo para salvar 2013.