Um passo na direção certa, o aumento da meta de superávit primário deste ano, mas fraco e até certo ponto decepcionante, pois de tão somente R$ 10,0 Bi, que praticamente corresponde a multa de R$ 6,0 Bi recebida da Vale e mais algumas…
Um passo na direção certa, o aumento da meta de superávit primário deste ano, mas fraco e até certo ponto decepcionante, pois de tão somente R$ 10,0 Bi, que praticamente corresponde a multa de R$ 6,0 Bi recebida da Vale e mais algumas receitas extraordinárias de inadimplentes que acertaram as contas, quando está ocorrendo uma exuberante elevação de arrecadação este ano ao ritmo de 22% ante gastos crescentes a 11% que, certamente, permitiriam um superávit mais ambicioso e que contribuiria muito para um direcionamento sustentável de queda do juro no país.
O governo central pode fazer mais em relação ao superávit primário e precisa fazer mais efetivamente.
O mercado financeiro demonstra forte resistência à probabilidade de corte na taxa SELIC que vem sendo indicada pelo mercado futuro de juro e ao crescente sentimento de que pode ser efetivada já na reunião que se inicia hoje e se encerra amanhã. Há um certo “terrorismo” em relação a não reversão da inflação, ignorando totalmente os efeitos deletérios de uma crise internacional que pode ser agravada, e, da qual vários setores internos já sinalizam efeitos.
No mercado de câmbio não parece que os “vendidos” líquidos nos derivativos, atualmente os “hedge funds”, conseguirão influenciar a formação do preço da moeda americana em linha de depreciação, sendo notório que a nova formulação de cálculo da PTax e a tributação com IOF sobre os derivativos se constituem em fator altamente neutralizante às costumeiras manipulações do passado recente.
Por isso, não vemos o preço se afastando da linha do R$ 1,60, até com um viés de alta se os “hedge funds” forçarem a reversão, pois os bancos são os detentores da liquidez nos derivativos e terão muito interesse em elevar o preço da moeda americana para maximizar o ganho ao proporcionar liquidez.
O BC vai realizar hoje um leilão de “swap cambial reverso” de 37.400 contratos, visando a rolagem da posição vincenda neste final do mês. Muito embora o BC tenha consultado o mercado ontem, acreditamos que pode ocorrer desencontro entre as pretensões remuneratórias dos pretendentes e o BC.
Com espaço operacional menor, os bancos demonstram que optaram por manter posições niveladas no mercado físico à vista, e, se ainda não as consolidaram nesta linha devem estar próximos.
O tempo não sugere especulação com o real e recomenda cautela com o juro, pois o governo pode surpreender, mesmo contrariando todas as colocações que emergem do mercado financeiro, grande beneficiário do juro alto no pais.
Nos Estados Unidos, os danos menores com o furação Irene e o dado surpreendente do aumento do consumo dos americanos em 0,8% em julho, o maior em 5 meses, bem acima das projeções, trouxeram animo ontem, mas hoje o efêmero efeito já está ficando no passado e os investidores, ao que parece, desconfiam da sustentabilidade do aumento do consumo e focam com expectativa não otimista o relatório de confiança do consumidor, que embora seja um dado antecedente pode invalidar o positivismo do indicador de consumo.
Embora também tardio, aguardam com ansiedade do relatório da reunião do FED de 9 de agosto para verificar se há indícios sobre eventuais medidas do governo, o que parece improvável, pois no seu mais recente pronunciamento Ben Bernanke não fez menção à nada, limitando-se a afirmar que o FED dispõe de ferramentas, sem enunciá-las.
Desta forma, focando o contexto pouco alentador predominante, as bolsas americanas indicam tendência de queda, ao contrário do comportamento das bolsas asiáticas, que ainda repercutiram o ontem, e a Inglaterra que opera em alta.
Os T-Bills voltam a valorizar-se e fecham as curvas do juro, indicando para 10 anos recuo da rentabilidade de 2,27% para 2,19%. O ouro sobe 1,72% cotado a US$ 1,822.40 a onça troy. O petróleo cede 0,84% cotado a US$ 86,54 o barril na Nymex. E o dólar se fortalece ante o euro 0,70% cotado a US$ 1,4421.
Quando não ocorrem fatos pontuais que acabam sendo maximizados para o bem ou para o mal, resta então a realidade, os temores de que a economia americana possa cair numa recessão.
Na Europa a situação perdura de incerteza e forte tendência à recessão, tendo sido bem recebida a fusão dos bancos gregos Alphabank e Eurobank, que agora planejam lançar títulos num montante de Euro 1,2 Bi no mercado, mas o efeito positivo foi pontual.
A Comissão Europeia anunciou que o indicador de sentimento econômico na Zona do Euro registrou recuo de 4,7 pontos em agosto, com destaque para a Alemanha (-5,7 pontos) e Reino Unido (-5,6 pontos).
“Esse declínio resultou de uma deterioração geral do sentimento através dos setores, com perdas de confiança particularmente marcada nos serviços, vendas no varejo e entre consumidores”, destacou o anúncio.
No Japão o desemprego subiu para 4,7% em julho.
As economias emergentes continuam crescendo. A Índia anunciou crescimento de 7,7% no 2º semestre em base anualizada.
E a China? Já perceberam como o noticiário em torno da mesma está diminuto? Naturalmente, a crise internacional não deixará de marcar seus efeitos na economia chinesa.