Análise do Mercado – 27/05/2011

A única certeza absoluta no cenário global é de que as incertezas persistirão ainda por um bom tempo, e que, todos estão procurando identificar a “porta de saída” que cause o menor estrago possível, por isso, tamanha “sensatez” expressada em…

A única certeza absoluta no cenário global é de que as incertezas persistirão ainda por um bom tempo, e que, todos estão procurando identificar a “porta de saída” que cause o menor estrago possível, por isso, tamanha “sensatez” expressada em posicionamentos contraditórios, que mantém posições reconhecidamente especulativas, visto que incompatíveis com o contexto presente, e, também, já sinaliza a crescente formação de posições defensivas.

Não há tendências, há inúmeros receios e temores!

Por isso, ocorre a prática de futurologia! Só que parece que para suas formulações estão considerando “estático” e duradouro o cenário presente.

Surge um alerta do chefe de pesquisa de mercados emergentes do JPMorgan Chase, Joyce Chang, que afirmou no seminário sobre fluxos de capital em países emergentes organizado pelo FMI, no Rio de Janeiro, que o fluxo para o Brasil é de longo prazo em decorrência da causa principal ser o fato de instituições estarem diversificando suas carteiras de investimentos. Na contra ponta, o Ministro Mantega afirma que o fluxo é temporário até que as economias desenvolvidas deixem de “manipular” suas taxas de câmbio, etc. a velha tese da “guerra cambial”.

Ninguém falou do nosso “jurito SELIC” que está no centro da questão como fator maior determinante do fluxo, na atualidade e no futuro se nada mudar, mas as previsões não estão considerando situações mutantes que, certamente, virão e que podem alterar as decisões dos gestores dos grandes fundos de investimentos.

O fato é que a margem de credibilidade de projeções de longo prazo ficou muito fragilizada, pois o “desastre” recente da crise de 2008, demonstrou que erraram demais, e, não só os analistas financeiros, mas também as agências de “rating”, e ficou claro que, quando a gestão fica centrada na rentabilidade, pode perder a sensibilidade quanto aos riscos.

Este é um momento de cenário econômico global extremamente incerto quanto à recuperação da atividade econômica em bases sustentáveis.

Quanto tempo será necessário? É possível os emergentes sustentarem crescimento expressivo sem a presença firme dos países com economia forte? Qual será a reação dos investidores quando as economias, em especial a americana, derem sinais de efetiva recuperação mexendo com os inúmeros segmentos do mercado financeiro, não sem considerar as necessárias elevações de juro que se farão necessárias?

Como será resolvido o contexto atual, com Estados Unidos, Europa e Ásia não conseguindo recuperação e com os problemas de 2008, agora com os governos nos lugares das instituições financeiras, podendo retornar, sem que haja o mesmo ambiente que permita soluções adotadas naquela oportunidade? Como os emergentes conviverão com a retomada de um cenário recessivo nas economias desenvolvidas, já que não dispõe atualmente das mesmas condições que permitiram atravessar o período critico da crise crescendo, o que lhes impõe atualmente apertos na política monetária para conter pressão inflacionária e que os leva a reduzir o ritmo de atividade econômica?

A visão possível é a de curtíssimo prazo, além disto há muita insegurança e incerteza.

Tudo leva a crer que a cada situação haverá reações diferentes dos países aos problemas que lhes afetarem, portanto, barreiras poderão ser colocadas aos fluxos de capitais no cenário global.

No Brasil, o problema não é só o fluxo cambial positivo que preocupa, visto que não tendo poupança, o BC precisa captar recursos em moeda nacional a custo elevadíssimo, para em contraposição aplicar, na sequência, a moeda estrangeira adquirida com leilões de compra no mercado de câmbio físico com rendimentos baixíssimos, provocando um custo de “carregamento” colossal. Os demais países emergentes praticam taxas de juros mais compatíveis com os seus conceitos de risco e assim podem acumular reservas cambiais com um custo menor, e também, não atraem tanto capital especulativo por suas taxas de juros serem mais equânimes. Este custo fiscal é expressivo e onera o erário, porém mesmo sabendo que, após certo volume de reservas cambiais, a sensibilização de custos externos estabiliza-se e cessa o beneficiamento, o BC não tem como interromper suas compras, não porque não deseje, mas porque não tem alternativa.

Mas o problema maior da apreciação do real, visto que o BC neutraliza a totalidade do excedente do fluxo cambial, é o mercado derivativos altamente desenvolvido no país, e que encontra pela disparidade da taxa de juro local terreno fértil para concentrar fortes movimentos especulativos, contra os quais o BC tem poucas alternativas de enfrentamento.

Hoje os “hedge funds” detentores de posições fortemente “vendidas” líquidas especulando a favor do real, num total de US$ 18,7 Bi, agora menor em cupom cambial com US$ 8,1 Bi e maior em dólar futuro US$ 10,6 Bi, saem da passividade observada ao longo dos últimos dias quando o real perdeu preço, e estão firmes re-impulsionando a apreciação do real, que assim já rompeu o piso de R$ 1,60.

Porém é necessário salientar que estão sendo favorecidos pela forte queda do dólar frente ao euro, consequente de expressivo movimento especulativo no mercado internacional de CDS (credit default swaps) contra o risco dos Estados Unidos no curto prazo.

O “bote” dos “hedge funds” parece certeiro, contudo pode não sustentar-se, visto que a moeda americana denotava estar confortável no intervalo entre R$ 1,62 a R$ 1,63, e este final de semana será longo nos Estados Unidos devido ao feriado, o que sugere posição mais defensiva e tudo pode ser revertido a partir de 3ª feira.

O rendimento dos T-Bills de 10 anos fecham drasticamente sua curva de juro “yeld” para 3,06% consequente da valorização do papel, deixando evidente que há preocupações presentes, embora as bolsas americanas, extremamente valorizadas, mantém-se em alta, o que deixa evidente postura contraditória.

 

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