Análise do Mercado – 24/05/2011

O mercado financeiro global está esperando por um “ajuste maior” e sustentável nos preços dos ativos negociados nos inúmeros segmentos em algum momento que não consegue ser previsto com segurança, pois, sabidamente, os indicadores/preços…

O mercado financeiro global está esperando por um “ajuste maior” e sustentável nos preços dos ativos negociados nos inúmeros segmentos em algum momento que não consegue ser previsto com segurança, pois, sabidamente, os indicadores/preços estão aviltados por pura especulação ou por projeções prospectivas que não vêm se confirmando, por isso, todo e qualquer sinal mais efetivo de piora localizado aqui ou acolá, provoca movimentos de “mergulho” e de forte volatilidade.

Todavia, aparentemente, por todos temerem as consequências drásticas do desmonte sustentável das posições atuais, sem que os problemas agravados tenham sinalizado melhora, ocorre uma recuperação. Neste vai e vem, muitos ganham e muitos perdem, os mercados revitalizam seus volumes, e tudo segue.

Os temores em torno da situação dos países periféricos da eurozona continuam tão aflitivos quanto ontem, agregando até nomes novos nas especulações, como a Bélgica, e declarações efetivas mais preocupantes, como do Ministro das Finanças grego, Yorgos Papaconstantinu, que afirmou que, se a Grécia não receber aporte de ajuda externa de Euros 12,0 Bi em junho, o país declarará moratória. Pressionado, anunciou a decisão de adotar novas medidas de austeridade para economizar Euros 28 bi até 2015. Anunciou também programa imediato de privatização de empresas estatais e ativos públicos para obter Euros 50,0 Bi. E, descartou a hipótese da Grécia abandonar o euro, que considera “uma proteção para o país neste momento”. A credibilidade do país em cumprir compromissos assumidos é praticamente nenhuma.

Mas, há um efetivo retrocesso ao “status” de um ano atrás na eurozona, a despeito da forte ajuda recebida pela região da ordem de Euros 750,0 Bi, já que os PIIGS e seus problemas continuam problemáticos e há sinais de outros países que podem entrar no grupo. A dificuldade maior é que vão ficando estreitas as opções para recuperar estas economias em crise, e, os países ricos não podem abandonar os países pobres, pois precisam manter a unidade da comunidade e defender os seus interesses, já que suas instituições financeiras são credoras.

Nos Estados Unidos nada ocorreu que pudesse provocar mudança relevante de humor, tanto quanto na Ásia.

Portanto, nada está muito diferente por lá entre ontem e hoje, mas, como natural, hoje há certo relaxamento nas pressões e ocorre uma reversão menos entusiasmada do que o “mergulho” de ontem.

Diferente um pouco, somente para o Brasil, que teve elevada ontem pela Agência de Rating S&P a perspectiva de rating de crédito soberano de longo prazo em moeda estrangeira de estável para positiva, enquanto manteve o rating em moeda local como estável. Ratificou ainda a qualificação BBB- para rating em moeda estrangeira e de BBB+ para o rating em moeda nacional.

Destacou a Agência: “a diversificada estrutura econômica do Brasil, o crescimento da classe média e o potencial em alta das exportações deverão dar apoio ao crescimento do PIB e fornecer liquidez externa entre os próximos 3 a 5 anos”. E ainda “o consenso político quanto à aplicação de políticas fiscais e monetárias prudentes, provavelmente irá conter o risco de perturbações econômicas”.

Nos parece que a Agência desejou criar um fato positivo num ambiente global de humor negativo, porém as considerações não atentaram para o conflito presente da busca de crescer num ambiente de enfrentamento de pressões inflacionárias; existência de elevadas deficiências de infraestrutura que por si só conspiram frente à ambição de crescimento; baixo nível de investimentos por parte do governo; e, vê uma perspectiva para as exportações brasileiras muito otimista quando todos sabem que o país se tornou um exportador “colonial”, com grande parte do seu potencial exportador industrial tendo sido marginalizado pela perda de competitividade.

A rigor, as considerações da Agência confrontadas com as percepções atuais dos analistas locais parecem relativamente antagônicas.

No cenário externo, a Ásia mixou resultados, a Europa, no meio da crise, tem suas bolsas em recuperação mais otimista, enquanto nos Estados Unidos a recuperação das fortes baixas de ontem é muito discreta, com alguma volatilidade.

Em realidade o “status quo” do tripé “Ásia, Europa, Estados Unidos” não sugere entusiasmos, e há que se olhar, também, para a China, que dá sinais de que pode estar reduzindo o ritmo de sua atividade econômica, defendendo-se de pressões inflacionárias.

O petróleo está em alta, novamente especulado por estímulo da projeção anunciada pelo Goldman Sachs de que o Brent, referência europeia, poderá alcançar o preço de US$ 120,00 o barril ao final do ano. Pela manhã o Light era cotado na Nymex a US$ 99,66 o barril, alta de 2,01%.

Os T-Bills estavam em queda, como consequência as curvas de juros “yeld” se abriram um pouco, com os papéis de 10 anos indicando rentabilidade de 3,15% ante 3,13% ontem.

O dólar caia frente ao euro, US$ 1,4114 alta de 0,45% e frente a Libra, US$ 1,6190 alta de 0,42%.

No Brasil, a moeda americana que fechou ontem a R$ 1,632 com alta de 1,05% está sendo cotada a R$ 1,6256 em queda de 0,47%.

Os “hedge funds” continuam mantendo estável a posição vendida líquida no mercado de cupom cambial-DDI acima de US$ 10,0 Bi e também no dólar futuro com US$ 6,6 Bi, enquanto os bancos seguem liquidamente comprados nos dois segmentos, aparentemente em volumes superiores ao das suas posições vendidas no mercado físico.

Certamente, os “vendidos” que apostam no real devem estar em posição de desconforto, mas não há muito o que se fazer neste momento, visto que se pressionarem para reverter só farão elevar o prejuízo em perspectiva.

No nosso entendimento o preço da moeda americana está consolidando um novo piso de preço.

A BOVESPA que ontem conseguiu fechar caindo menos do que se esperava, algo como 0,47%, hoje tem alta bastante desalinhada do exterior de 1,05%, porém os analistas entendem que as ações defensivas (eletricidade, saneamento básico, etc.) que têm dado suporte com altas a uma derrocada maior do índice, estão com os preços “muito esticados”, recomendando atenção. A rigor, cresce o consenso de que não há fundamentos consistentes para imaginar-se este ano muito diferente em comportamento do ano passado, até porque o nível de atividade econômica do país é cadente por razões conhecidas.

 

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