Análise do Mercado – 23/02/2011

A moeda americana está com o preço no mercado de câmbio brasileiro absolutamente inelástico, e tudo indica que este seja o objetivo do próprio governo que, a rigor, não tem aberto mão da contribuição que o parâmetro atual agrega ao…

A moeda americana está com o preço no mercado de câmbio brasileiro absolutamente inelástico, e tudo indica que este seja o objetivo do próprio governo que, a rigor, não tem aberto mão da contribuição que o parâmetro atual agrega ao enfrentamento das pressões inflacionárias presentes na economia.

Esta estabilidade é consequência direta dos movimentos de intervenção do BC nos mercados de câmbio físico à vista e a termo, e futuro, com os “swaps cambiais reversos”.

As oscilações no entorno de R$ 1,67, preço referencial do mercado, nem de longe correspondem a reflexos do conflito na Líbia, e, também, não reproduzem os movimentos paritários decorrentes do fato entre as moedas dos países desenvolvidos.

Também, o preço demonstra-se insensível ao expressivo déficit em transações correntes registrado em janeiro, da ordem de US$ 5,409 Bi, dentro das projeções prognosticadas, mas não por isso não preocupante e que, por si só, poderia provocar apreciação do preço da moeda americana. Este número valida a projeção para déficit no ano em torno de US$ 70,0 Bi.

O sistema bancário já sinaliza elevação dos “spreads” para compensar a diminuição do volume de empréstimos ao consumo, e, a queda do consumo impacta na indústria, que já tem projeções de crescimento com viés cadente, o que pode levar ao desincentivo aos investimentos.

Parece-nos que o tempo de incentivar as exportações da indústria seja agora, para que possam continuar focando o investimento para aumento de produção, sem perder de vista que a urgência também decorre do fato de que a recuperação do mercado externo não ocorre de imediato, vai exigir empenho e persistência.

Até porque, certamente, o COPOM promoverá nova alta da SELIC, quem sabe até com um aumento mais forte da ordem de 0,75%, e, este será mais um fator desestimulante ao setor produtivo.

Assim como é tempo de “modernizar” o nosso mercado de câmbio físico que, operacionalmente, ainda encontra fatores limitantes típicos do subdesenvolvimento que conseguimos superar e que permitem que ocorram mudanças. É preciso equiparar o nosso mercado de câmbio físico à modernidade do nosso mercado de câmbio futuro e derivativos da BM&FBovespa.

No exterior, o conflito na Líbia, 8ª maior produtora de petróleo do mundo, continua estimulando forte movimento especulativo nos derivativos, talvez um pouco além do razoável, o que até provocou uma queda nas “commodities” agrícolas.

A reunião de 87 países produtores de petróleo, que representam 90% da produção mundial, estabelecendo, ontem, um acordo de equalização da oferta à procura, visando estabilizar os preços, parece que ainda não foi considerada. Na “bolsa das apostas” os indicativos ainda são de que os mercados derivativos estão influenciando com um peso de 60% a formação do preço do petróleo.

O Brasil convidado, não compareceu, mantendo-se fiel ao posicionamento de que não quer controle sobre preços de “commodities”, que seria contrário ao país no caso dos agrícolas e minérios de ferro.

Como aqui o preço do combustível não vai “da bolsa para a bomba” e o país tem baixa dependência de petróleo, diretamente o país fica ileso aos impactos da alta de preços, mas existem fatores que nos afetam indiretamente.

O dólar recua ante o euro e a libra. O petróleo, em alta, está sendo cotado na Nymex a US$ 97,42 o barril. O ouro está cotado a US$ 1,414.20 a onça troy, e, os “treasuries” de 10 anos estão em alta, fechando sua curva de juro “yeld” agora indicando 3,44% aa. frente a 3,46% anterior.

 

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