Análise do Mercado – 22/02/2011

O movimento de interferência do BC no mercado de câmbio deixa, cada vez mais, a sinalização de que o objetivo é a estabilidade do preço no entorno de R$ 1,67, sendo mais relevante o seu efeito de sustentação do preço, razão dos leilões de compra a…

O movimento de interferência do BC no mercado de câmbio deixa, cada vez mais, a sinalização de que o objetivo é a estabilidade do preço no entorno de R$ 1,67, sendo mais relevante o seu efeito de sustentação do preço, razão dos leilões de compra a termo em prazos curtos, do que qualquer pretensão de depreciar o real.

A estabilidade é tão considerável que o preço da moeda está praticamente inelástico em relação aos tumultos no Oriente Médio, a despeito dos movimentos paritários decorrentes havidos entre as moedas fortes.

A repercussão por aqui se dá diretamente na BOVESPA, primeiro pela relevante participação dos papéis da Petrobrás, e, também, porque afeta o comportamento dos investidores estrangeiros, que a rigor já estavam mais saindo do que entrando, e, ainda, há uma contaminação pela generalização global do sentimento pessimista.

Tudo leva a crer que o governo ainda precisará do preço da moeda americana depreciado, pelo menos ao longo deste ano, para que cumpra papel relevante na estratégia de contenção das pressões inflacionárias, principalmente as advindas das “commodities” e alimentos que não se sensibilizam com elevação do juro.

Urge então, que o governo ultime medidas incentivadoras às exportações brasileiras da indústria manufatureira, desonerando-as e desta forma, imputando competitividade aos preços brasileiros mesmo com um câmbio deprimido. A clara percepção de que a economia está desaquecendo o seu ritmo de atividade, havendo já projeções de crescimento de tão somente 3% este ano, após 10% em 2010, embora o Boletim FOCUS ainda indique projeção mediana de 4,41%, pode desestimular o investimento, razão pela qual é preciso “abrir” janela para o mercado externo.

Continuamos entendendo que o governo deve, ao invés de ficar maximizando a sua intervenção no mercado de câmbio, promover um choque de modernidade operacional no mercado de câmbio físico, abrindo os “forwards” e “a termo”, com lastro, para as empresas, e autorizando contas em moeda estrangeira no país, permitindo que o mercado por si mesmo realize parte do que não permite e busca fazer sozinho.

Afinal, foi dada ao longo dos últimos anos muita abertura para os mercados futuros e derivativos da BM&F e não houve avanços no mercado de câmbio físico, o que incentivou que operações típicas deste passassem a ser realizadas naquele mercado.

O Índice de Clima Econômico da América Latina, medido pela IFO e a FGV, ficou estável em 5,8 pontos em janeiro na comparação com a aferição antecedente realizada em outubro. O Brasil ocupa a 5ª posição no ranking com 6,7 pontos, atrás do Chile (8,0), Uruguai (7,9), Paraguai (7,5) e Peru (7,3).

Oportuno ressaltar as críticas da China sobre a excessiva burocracia brasileira, cuja economia deseja investimentos chineses, mas impõe complexidades que podem desestimular.

É predominante a percepção pelos analistas que os cortes orçamentários no total de R$ 50,0 Bi anunciados serão insuficientes, havendo necessidade de elevação substantiva deste montante a ponto de neutralizar aumento dos gastos deste ano em relação ao ano de 2010.

O economista Geraldo Langoni, FGV e ex-BC sugeriu durante Seminário da FGV que o governo deveria buscar construir um “colchão fiscal” da ordem de superávit de 3,5%, após ter consolidado relevante “colchão de reservas cambiais”, procurando zerar o “déficit nominal”.

É crescente o entendimento de que o governo não reúne condições de manter todos os programas sociais, razão pela qual deve fazer escolhas neste momento.

O IPCA-15 de fevereiro veio forte, alta de 0,97%, porém evidenciando que fatores sazonais foram os mais determinantes, como educação e transportes, sempre sujeitos a reajustes ao início do ano, e, sinalizando desaceleração nos preços dos alimentos. Este ano o índice já acumula alta de 1,74% e nos últimos 12 meses 6,08%.

No exterior, o “barulho” em torno do problema na Líbia parece maior do que a causa em si, e, como habitual, os especuladores atuam rápido e fortemente. As bolsas entram em queda, e, o preço do petróleo dispara, com destaque para o Brent, que chegou a ser cotado acima de US$ 107,00 em Londres, a despeito da OPEP ter anunciado dispor de estoques estratégicos que está pronta para usar, não se justificando pânico.

Os problemas nos países do Oriente Médio não se resolvem no curtíssimo prazo, mesmo que ocorra a deposição dos ditadores, pois fica subjacente à sucessão, que, nem sempre, se revela um avanço democrático. O Irã é um bom exemplo.

Assim sendo, é algo com que o mercado global terá que conviver à margem, observando, mas com prevalência da sensatez. Afinal, é possível considerar o problema do Egito superado?

Certamente, não!

Parece-nos mais relevante o problema do Japão, 3ª maior economia do mundo, que está tendo rebaixadas suas notas pelas agências de rating, em decorrência do aumento da dívida.

 

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