Na última sexta-feira fizemos considerações um pouco ácidas quanto às perspectivas e a necessidade de deixarmos de ficar olhando para o retrovisor e fazendo comparações sobre comportamentos de inúmeros aspectos da economia,…
Na última sexta-feira fizemos considerações um pouco ácidas quanto às perspectivas e a necessidade de deixarmos de ficar olhando para o retrovisor e fazendo comparações sobre comportamentos de inúmeros aspectos da economia, sinalizando que devemos olhar tão somente para frente e que o cenário deverá ser muito diferente, com a menção ainda, de que nada do que foi será.
Mas hoje, o cenário global retoma a sua realidade e faz um ajuste forte ao acentuar os temores e receios de um agravamento da crise Europa-Estados Unidos sem grande alento de recuperação no curto prazo.
Não há “milagres” possíveis e nem tratamento sem enormes sacrifícios da população desde que os governos se disponham a fazer as devidas mudanças imprescindíveis.
Os governos podem muito, mas certamente não podem tudo, e ficar injetando recursos e mais recursos a custos baixíssimos só estimula bolhas e movimentos especulativos, não flui para a recuperação das economias, visto que há uma notória perda de confiança por parte de todo sistema que envolve a economia, o produtor – o financiador – o consumidor. A roda não gira e não há avanços e os governos denotam grande dificuldade em encontrar estratégias viáveis para saída deste quadro altamente indefinido com viés de piora.
Obama anunciou plano para cortes de US$ 3,0 Tri na dívida americana ao longo da próxima década, buscando um novo foco de colocar o país numa trajetória mais fiscalmente sustentável, por isso é de natureza diferente do que o tipo de compromisso que ele estava tentando intermediar durante o debate dívida-teto. Como o plano inclui aumento de impostos os investidores estão céticos de que possa viabilizá-lo.
Expectativas também sobre a reunião de dois dias do FED esta semana, já que Bernanke se comprometeu a avaliar mais detidamente a situação da economia americana nesta oportunidade. Especialistas em sua maioria esperam que o FED anuncie um programa denominado “twist”, com o qual poderia aumentar os empréstimos através de troca de títulos de curto prazo em sua carteira com títulos de longo prazo, com a pretensão de baixar as taxas de juros de longo prazo, sem aumentar o volume.
Na Europa os Ministros de Finanças da União Europeia chegaram a um acordo na sexta-feira sobre um pacote de reformas destinado a reforçar a governança econômica. O fato não amenizou os temores dos investidores sobre as possibilidades da região sair da crise. Ficou decidido esperar até outubro para dar à Grécia a próxima rodada de financiamento de socorro.
Parece cada vez mais presente que a Grécia não resistirá a um “default” levando, gradualmente, consigo todos os integrantes da Europa Meridional, que na realidade conspiram contra a continuidade da moeda Euro.
O dólar se fortalece frente ao Euro, Libra e a maioria das moedas, exceto o Yen. O Dólar Index registrando alta de 1,06% por volta das 11 horas.
Ocorre um “sell off” nas bolsas mundiais, inclusive na Bovespa. Petróleo cai 3% na Nymex em NY e até o ouro, refugio considerado seguro por investidores mais experientes, cai 1,5%. Os T-Bills de 10 anos fecham suas curvas de juros yeld ante a valorização e recuam a remuneração de 2,08% para 1,96%.
No mercado de câmbio tudo indica que o futuro/derivativos está causando reflexos na taxa no mercado à vista.
Na medida em que o cenário externo fica cada vez mais preocupante os posicionamentos expostos em cupom cambial-DDI pelos “hedge funds” na BM&FBovespa com suas posições vendidas líquidas da ordem de US$ 13,5 Bi, embora discretamente comprados em US$ 2,3 Bi no mercado futuro, aumentam o desconforto. Contudo, há “rumores” de que tomadores de recursos externos pudessem não estar “hedge” em suas posições e agora estariam agindo precipitadamente para obter a proteção.
O movimento no mercado futuro está bastante forte nesta manhã na BM&FBovespa.
No mercado à vista não foi observado movimento de demanda forte a ponto de determinar a expressiva alta no preço da moeda americana ocorrida nesta manhã, mas certo é que está havendo saídas de investimentos em renda fixa e renda variável, bem como tem se acentuado as remessas de dividendos, juros s/capital e lucros.
É importante considerar que poderemos ter uma certa retração nos IED´s pela necessidade dos investidores preservarem liquidez de caixa.
A atratividade da rentabilidade que proporcionamos ao investidor externo fica fragilizada no quadro atual, que passa a focar segurança.
O Boletim FOCUS parece ainda não captar este cenário mais severo no ambiente internacional e seus efeitos na nossa economia, que deverá conter pressões inflacionárias mais agudas presentes, como as projeções ainda não foram sensibilizadas nos quesitos IED´s e déficit em transações correntes.
Contudo, elevou a projeção para o dólar ao final do ano para R$ 1,65, o que parece sensato, visto que continuamos entendendo que a alta presente é pontual e estará resolvida até o final do ano.