O mercado de câmbio está desde muito “pedindo” leilão de dólares à vista, puro descomprometido, simplesmente “liquidez” por parte do Banco Central do Brasil, mas a autoridade monetária tem se mostrado relutante, buscando todos meios e atalhos para evitar que isto aconteça, o que deixa transparecer que há um claro constrangimento em realizar oferta nesta linha que corresponderia a uma declaração incontestável de que o fluxo cambial não é satisfatório e que precisaria utilizar dólares da reserva cambial para conter uma pressão altista mais intensa neste final.
Ora, realizar leilão de venda à vista é um rito operacional adequado quando faltam efetivamente dólares no fluxo, pois o regulariza e também acaba afetando a taxa juro dólar do mercado de derivativo cupom cambial. O Presidente Tombini afirmou dias atrás que previa uma demanda maior e que o BC supriria o mercado com liquidez, mas isto não esta ocorrendo na forma adequada e que, claramente o mercado está requisitando com certa força.
Contudo, nos parece que existe mesmo um constrangimento, visto que houve por parte do governo afirmações muito peremptórias que era “vitimado” por “guerra
O mercado de câmbio está desde muito “pedindo” leilão de dólares à vista, puro descomprometido, simplesmente “liquidez” por parte do Banco Central do Brasil, mas a autoridade monetária tem se mostrado relutante, buscando todos meios e atalhos para evitar que isto aconteça, o que deixa transparecer que há um claro constrangimento em realizar oferta nesta linha que corresponderia a uma declaração incontestável de que o fluxo cambial não é satisfatório e que precisaria utilizar dólares da reserva cambial para conter uma pressão altista mais intensa neste final.
Ora, realizar leilão de venda à vista é um rito operacional adequado quando faltam efetivamente dólares no fluxo, pois o regulariza e também acaba afetando a taxa juro dólar do mercado de derivativo cupom cambial. O Presidente Tombini afirmou dias atrás que previa uma demanda maior e que o BC supriria o mercado com liquidez, mas isto não esta ocorrendo na forma adequada e que, claramente o mercado está requisitando com certa força.
Contudo, nos parece que existe mesmo um constrangimento, visto que houve por parte do governo afirmações muito peremptórias que era “vitimado” por “guerra cambial” e “tsunamis”, que não ocorreram, e agora ter que suprir o mercado com dólares a vista, corresponderia admitir por atitude e não por palavras, que estamos em “ressaca”.
Ao longo da pressão recente de alta do preço da moeda americana, superando o ponto suportável dentro do controle da inflação e até contrariando opinião exposta, recentemente, pela Presidenta Dilma, a autoridade mostrou desconforto com a forte tendência de comprometimento do regime de metas, e utilizou para tanto múltiplos leilões de instrumentos financeiros, inclusive com não rolagem de saldos, todos na linha de impulsionar a oferta no mercado de derivativos; alterou revertendo o aperto em duas regras vigentes, quais sejam: Pagamentos Antecipados de Exportação ampliado para 1.800 dias após ter sido restrito a 360 dias e Empréstimos Externos com incidência de IOF de 6% com prazo reduzido para 1 ano.
O primeiro impacto das mudanças nas normas regulatórias trouxe um “afrouxamento” na pressão, mas como a relação “causa-efeito” das mesmas não repercutiu de imediato na liquidez, a taxa cambial voltou a ficar pressionada.
Então, o BC passou a realizar oferta de leilão de dólares efetivos conjugando venda spot versus recompra em torno de 30 dias, tecnicamente um trajeto que poderia resultar em sucesso, pois geraria liquidez imediata e os bancos estariam se posicionando para a revenda (recompra do BC) num prazo em que o fluxo cambial, presumidamente, deve estar melhor. Mas esta não parece ser uma característica muito crível pelo sistema bancário, o que faz com que não tenha obtido o sucesso e o mercado continua apontando que deseja efetivamente dólares a vista, puro e descomprometido, porque tendo dúvidas sobre o fluxo de curto prazo (30 dias) pode estar projetando um preço de dólar acima da operação com o BC e o “hedge” está escasso.
Hoje, ainda no afã de persistir relutando na realização dos necessários leilões a vista, o BC através a Circular no. 3.619, flexiona as regras do recolhimento compulsório sobre posição vendida de câmbio, que permite sacarem mais da linha externa e com prazo na grande maioria das vezes mais amplo. Porém, nas atuais circunstâncias é mais do mesmo que o BC vem oferecendo com os leilões de dólares conjugados, pois a despeito de quando os bancos ficam vendidos procurarem conter um pouco a alta, precisavam ter facilidade para fazer “hedge” destas posições no futuro e o mercado neste segmento está estreito em sua liquidez.
Qual será a próxima? Derrubar a autorização dos exportadores represarem dólares de exportações no exterior? Quem sabe?
No nosso entendimento, a terapia imediata é o BC fazer leilão de venda de dólares a vista ao mercado, caso contrário haverá pressão sobre a taxa, contrariando o manifesto desejo do BC de que isto não ocorra para não pressionar a inflação.
Este é um jogo de forças. A do mercado que é forte e a do BC que tem como dar o tratamento adequado para corrigir proporcionando liquidez à vista no mercado, puro e descomprometido.
É uma questão de opção. Se não agir adequadamente, ficará a impressão de que a força do mercado é maior do que a da autoridade monetária, que, todavia, tem instrumentos para conter este movimento, que acreditamos até pontual nesta fase do ano e por acreditarmos que o fluxo cambial melhorará em perspectiva com as mudanças efetivadas nas normas recentemente, mas que constrangido poderá ficar com a imagem fragilizada no confronto.
Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO