Análise do Mercado – 16/08/2011

Efetivamente não se pode afirmar 2008 nunca mais, como desejado por toda comunidade econômica financeira global, simplesmente porque a crise, a mesma, continua persistindo e renovando-se em novas facetas mutantes com atores e…

Efetivamente não se pode afirmar 2008 nunca mais, como desejado por toda comunidade econômica financeira global, simplesmente porque a crise, a mesma, continua persistindo e renovando-se em novas facetas mutantes com atores e lugares alternantes, mas o fato concreto é que permanece presente, provavelmente hoje com menores alternativas do que ao inicio para que a reversão ocorra no curto/médio prazo, visto que a despeito dos substantivos programas governamentais a retomada da atividade econômica não logrou sucesso.

Todas as economias desenvolvidas estão em ambiente negativo, questiona-se somente quem está pior, e na medida em que os indícios pesam contra esta ou aquela ou, em alguns momentos, contra os Estados Unidos e Europa, sem uma boa distinção do confronto, ocorrem os movimentos que vão do euforismo sem sentido à depressão com causa, e, neste ambiente funcionam as “roletas” dos segmentos do mercado financeiro global, que contribuem em muito para a destruição do setor real das economias.

Todos sabem que tanto Estados Unidos quanto a Europa tem problemas que não permitem saída indolor e de curto/médio prazo, que na trajetória é bastante provável um período recessivo e que os governos dispõem de parcas condições para implementar linhas substantivas de apoio, visto o grau de endividamento provocado pela fase inicial da própria crise.

O produto interno bruto das 27 nações que fazem parte da União Européia, incluindo os 17 países que usam o euro como moeda, cresceu a uma taxa combinada no 2º trimestre de 0,2%, segundo estimativas preliminares divulgadas hoje pela Eurostat. Ao contrário dos Estados Unidos que relata o PIB anualizado, as nações européias o relatam em termos trimestrais. Foi a taxa mais fraca de crescimento em 2 anos e ocorre após uma expansão de 0,8% no 1º trimestre de 2011.

O PIB ajustado sazonalmente na zona do euro subiu 1,7% em relação ao 2º trimestre de 2010.

Preocupante o desempenho da Alemanha, maior economia da Europa, quase paralisada no 2º trimestre com crescimento de mero 0,1% ante uma taxa de 1,3% no 1º trimestre. Analistas consideraram este desempenho claramente decepcionante. Importante observar que a França, segunda maior economia da Europa, reportou na semana passada que o seu PIB não cresceu no 2º trimestre.

A fraqueza das potências européias aumenta as preocupações sobre a capacidade das economias mais fortes terem condições de apoiar os demais membros da comunidade.

O Japão registrou um desempenho negativo de 0,3% no seu PIB no 2º trimestre.

Os Estados Unidos tiveram crescimento de 0,3% no seu PIB no 2º trimestre.

Hoje haverá reunião entre os dirigentes da Alemanha e França, pois há com que se preocupar, devendo abordar as medidas anunciadas no mês passado para conter a crise da dívida soberana e proteger o euro.

Nos Estados Unidos, a produção industrial em julho cresceu 0,9% e a capacidade utilizada subiu para 77,5%, dados acima das expectativas. Além disto, a agência Fitch confirmou o rating AAA com perspectiva estável.

Obama acena agora com renovação de cortes de impostos sobre os salários na ordem de 2% e subsídios aos desempregados, focando estimular a demanda e incentivar o setor produtivo a investir, gerando empregos e renda. Mas, esta receita já vem sendo utilizada e os números não mudaram muito.

As bolsas americanas operam em baixa, a exemplo das européias, com as moedas apresentando volatilidade entre si, mas não há tendências sustentáveis.

O termômetro da incerteza é dado pelo ouro que sustenta alta de 1,5% cotado a US$ 1,784.60 e os T-Bills de 10 anos que sustentam a valorização alcançada e apontam remuneração de 2,27%.

Por aqui, a nossa BOVESPA repercute em linha o comportamento externo, havendo projeções mais de anseios do que consubstanciadas em realidades, por isso a volatilidade tem sido a característica predominante do mercado acionário. Assim, sobe ou desce sem fundamentos criveis.

No mercado de dólar, certamente houve a continuidade do fluxo dos recursos de exportações que estavam depositados no exterior, o que gerou liquidez no mercado físico a vista e determinou o recuo do preço da moeda americana.

Contudo, a posição “vendida” líquida dos “hedge funds” no mercado de derivativos é um fator que, em perspectiva, poderá por pressão no preço da moeda americana quando ocorrer movimento de zeragem, mas, momentaneamente, os “players” parecem estar sustentando seus posicionamentos, aguardando o desenrolar dos acontecimentos.

Assim, a taxa cambial decorre diretamente do próprio fluxo que ocorre no mercado físico a vista. A volatilidade mais intensa deve ocorrer ao final do mês.

Há muita expectativa quanto a próxima reunião do COPOM ao final do mês, mas certo é que o movimento de elevação da SELIC deve ser interrompido, porém, acreditamos ser temerária uma redução num ambiente em que estão presentes pressões inflacionárias e não há clareza sobre os reais efeitos da crise renovada nos países desenvolvidos.

 

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