O mercado financeiro persiste cético quanto à eficácia das ações do governo focando a contração das pressões inflacionárias, que cada vez mais demonstram aquecimento. Há o entendimento de que o BC esteja atrás da curva consequente do…
O mercado financeiro persiste cético quanto à eficácia das ações do governo focando a contração das pressões inflacionárias, que cada vez mais demonstram aquecimento.
Há o entendimento de que o BC esteja atrás da curva consequente do ajuste do juro que foi postergado no ano passado; da mesma forma as medidas prudenciais adotadas a partir de dezembro pelo governo estão sendo consideradas tardias, e, não há convicção de que os cortes nos gastos públicos serão efetivos.
A conclusão que avança é de que 2010 por ter sido um ano eleitoral provocou retardamentos em decisões que deveriam ter sido pontuais por parte do governo passado, o que acabou contribuindo para que as pressões inflacionárias se intensificassem livremente.
Assim, para “colocar a casa em ordem” o atual governo terá que ser mais rigoroso na efetivação da elevação do juro SELIC, ou seja, elevando mais em menor tempo para provocar um choque e precisará intensificar o rigor das medidas prudenciais na contenção da expansão do crédito de forma mais generalizada e não focada em segmentos e na atuação dos bancos neste quesito, com maior ênfase aos bancos oficiais que ainda parecem expansionistas no crédito.
Seria necessário que o rigor fiscal fosse “para valer”, mas o mercado ainda convive com incertezas, razão pela qual o mercado de juro oscila muito em sua tendência.
Tudo leva a crer que o plano inicial deste governo de conter as elevações de juro e não utilizar o preço do dólar como antídoto à inflação, atuando somente sobre as causas e não sobre as consequências parece comprometido, pois as pressões inflacionárias presentes consequentes do retardamento havido no governo passado da aplicação das medidas corretivas estão fortalecidas.
Isto pode determinar que o governo também tenha que contrariar o seu manifesto objetivo de buscar que o mercado de câmbio forme um preço mais equilibrado do dólar, proporcionando um melhor desempenho do nosso setor exportador manufatureiro, e, ter que continuar a utilizar o preço do dólar depreciado, valendo-se do mesmo como coadjuvante ao controle inflacionário.
Acreditamos que no entorno de R$ 1,67 o preço da moeda americano seja contributivo para a finalidade e que este seja o preço objetivado pelo governo no momento.
O excesso de intervenções do BC no mercado de câmbio, sem conseguir sensibilizar a formação do preço, mas fortalecendo sua estabilidade aumentam a percepção de que este seja o objetivo imediato da autoridade.
Ontem foram 4 intervenções, duas com leilões “spot” e duas com leilões “a termo”, após ter realizado leilão de “swap cambial reverso” no final da semana anterior. Hoje já realizou leilão “spot” e o preço permanece próximo de R$ 1,67.
A contínua intervenção do BC no mercado de câmbio não é positiva para o mesmo, pois perde eficácia por tornar-se rotineira, previsível, esperada, e acaba sendo uma perturbação ao ambiente do mercado, que no final, como ontem, causa ruído e “muita espuma”, mas resultado consequente muito baixo, quase imperceptível.
A economia tende a crescer menos até do que as projeções iniciais, visto que serão necessárias medidas mais fortes contendo a demanda interna, e, se não conseguir melhorar a formação do preço da moeda americana, abrindo uma janela para a indústria nacional manufatureira exportar, não há como manter o empresariado motivado para o investimento.
Por isso tudo, ganha importância relevante a decisão sobre o salário mínimo, pois se o governo sair derrotado no seu propósito de estabelecer o valor de R$ 545,00, sairá fragilizado e com reflexos negativos sobre a capacidade de impor rigor fiscal.
Tempos difíceis para o novo governo, por isso acreditamos que não há como deixar de valer-se do real apreciado neste momento, o que sugere que o preço da moeda americana deva permanecer no entorno de R$ 1,67, e se o cenário inflacionário apertar, poderá ir abaixo com o próprio governo induzindo esta tendência.
O real apreciado ainda é a “melhor injeção na veia da inflação”, com os efeitos muito mais imediatos do que elevação da taxa de juro.