Câmbio News

Análise do Mercado – 07/11/2012

Obama está reeleito Presidente dos Estados Unidos. As margens foram apertadas, mas o fato concreto é que o atual Presidente permanecerá por mais 4 anos.

Não há clareza sobre o posicionamento do mercado financeiro americano que se mostrou volátil, com muitos analistas afirmando que a reação positiva de ontem decorreu de informação errônea vinculada por uma agencia de que Romney estava à frente, razão pela qual esperam ajustes hoje. Sabidamente, Wall Street estava esmagadoramente a favor de Mitt Romney, o adversário republicano com laços estreitos com o setor privado e comunidades de negócios.

 

 

Mas o grande desafio que agora toma as manchetes é o “penhasco fiscal”, que envolve a cifra em torno de US$ 600,0 Bi em cortes de gastos e aumento de impostos previstos para entrar em vigor em janeiro. Uma parte relevante dele é formada pela extinção de reduções temporárias de impostos de renda concedida há quase uma década pelo governo George W.Bush e, cortes automáticos de gastos militares e de despesas de programas sociais.

Obama terá que negociar com um Congresso em fim de mandato, com muitos membros que não foram reconduzidos ao cargo. Um fracasso poderá colocar o país em recessão e aumentar o desemprego.

No novo mandato Obama terá que construir a governabilidade focando os graves problemas da economia americana, convivendo com uma Câmara republicana que sugere irá criar problemas, enquanto no Senado os democratas terão maioria.

Por isso, não há razões para otimismos exagerados em relação a 2013, pois os problemas presentes na economia americana, afora os obstáculos políticos, deverão continuar enfrentando dificuldades para a superação.

Fora dos Estados Unidos, os principais países do mundo sinalizam satisfação com a permanência de Obama na Presidência. O cenário está tão complexo e ruim que uma mudança relativamente radical na postura dos Estados Unidos poderia contribuir para distanciar ainda mais as perspectivas de recuperação da economia global.

Na Europa, à margem da eleição Presidencial nos Estados Unidos, lideres políticos e institutos econômicos fizeram alerta nos últimos dias para o risco da crise econômica se prolongar por anos. Este posicionamento está em linha com as declarações pessimistas da premiê da Alemanha, Angela Merkel, sobre a duração na zona do euro.

Considerando que a economia chinesa está atrelada fortemente no modelo exportador e que as principais economias não sinalizam perspectiva de recuperação no curto prazo, não é razoável prever-se recuperação da China como grande demandadora de insumos e deve continuar repercutindo os efeitos negativos no seu crescimento.

No Brasil, como apontamos ontem, há retenção do crédito e financiamento por parte dos bancos, face ao aumento representativo da inadimplência e reconhecimento de prejuízos.

Hoje, dados divulgados pela mídia propagam que este fato também está ocorrendo nos repasses dos recursos do BNDES, tendo como fator determinante os receios de calote.

O Banco Central do Brasil divulgou ontem que o endividamento dos brasileiros atingiu novo recorde em agosto.

A dívida já equivale a 44,5% da renda das famílias, o que demonstra o quanto está comprometido o risco de sucesso de atrelamento do crescimento do PIB à política de estímulo do consumo com a concessão de crédito.

O país já não atrai fortemente os investidores em renda fixa e variável; perdeu atratividade dos especuladores; e, pode vir a ser surpreendida no próximo ano com o arrefecimento da atratividade para IED´s.

Nossa balança comercial perde performance em decorrência do recrudescimento das exportações de “commodities” face a crise internacional afetar o nível global de atividade econômica.

A nossa indústria precisa retomar os investimentos, gerando emprego, renda e arrecadação de tributos, mas precisa ter ainda mais estimulada a sua competitividade que foi muito atingida nos anos passados recentes em que prevaleceu o real excessivamente valorizado.

O governo está sem margem para conceder novos estímulos com isenções de tributos, já que enfrenta problemas para cumprir o superávit primário, e os ônus oriundos das nossas deficiências estruturais não são solucionáveis a curto/médio prazos.

Portanto, a “única bala” disponível é elevar o preço da moeda americana no nosso mercado, já sabido e reconhecido como “sujo”, ou seja, administrado, e por este meio buscar elevar a competitividade da indústria nacional na concorrência no comércio exterior e, também internamente no enfrentamento dos produtos importados que seriam encarecidos.

É preciso agir logo e mais intensamente sobre a causa da inanição da nossa indústria para retomar dinamismo e sentir-se motivada a realizar investimentos.

Com um cenário que projeta perspectiva de que possa vir a se consolidar a tendência de fluxo cambial negativo para o pais, o governo poderia, também, preventivamente retroagir a 1 ano o prazo dos empréstimos externos sem alcance do IOF de 6%, pois certamente precisaremos aumentar o fluxo de ingressos de recursos externos no pais. Mas isto, também deveria ser feito previdentemente agora e não quando já estivermos com o problema instalado.

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