O mercado de câmbio brasileiro passa por um momento de calmaria, consequências da prevalência de férias nas grandes corporações, que cumpriram seus compromissos mais volumosos ao longo do mês de dezembro para fechamento do ano e, com isto impuseram forte demanda que levou o fluxo cambial ter ficado expressivamente
O mercado de câmbio brasileiro passa por um momento de calmaria, consequências da prevalência de férias nas grandes corporações, que cumpriram seus compromissos mais volumosos ao longo do mês de dezembro para fechamento do ano e, com isto impuseram forte demanda que levou o fluxo cambial ter ficado expressivamente negativo próximo de US$ 7,0 Bi.
O cenário de dezembro exigiu que o BC exercitasse forte diversificação de estratégias operacionais, envolvendo além das intervenções efetivamente operacionais, reversões de normas de contenção do ingresso de recursos no país, bem como limitantes de posicionamento dos bancos em suas posições.
Em grande parte ou na sua quase totalidade foram movimentos por parte do BC no sentido de evitar que adotasse a medida única e objetiva de vender dólares à vista ao mercado, retirando-os das reservas cambiais, admitindo a queda brusca do fluxo cambial, algo evidente nos números divulgados pelo próprio órgão.
Relutante em reduzir a pressão de alta da taxa cambial, os bancos acabaram “comprando” a expectativa de que em 90 dias o fluxo cambial poderá melhorar para o Brasil e aceitaram as ofertas de operações conjugadas neste prazo pelo BC, e isto impactou no preço da moeda, que cedeu.
Na última semana do mês de dezembro então o BC forçou uma baixa maior realizando ofertas de operações ao mercado, que deixaram os bancos em conforto com o nível de liquidez, embora contabilmente com posições físicas vendidas, mas com a expectativa de que ao longo do 1º trimestre ocorrerá uma sensível melhora do fluxo.
Por enquanto, o preço da moeda americana parece fragilizado, conveniente para que não impacte com maior intensidade causando efeito para o aumento da inflação.
Contudo, se a hipótese de melhora efetiva de fluxo no 1º trimestre não se confirmar, o preço da moeda será novamente pressionado, e pode ser então necessário que o BC venda efetivamente moeda.
Portanto, vive-se um período de “observação” não havendo como vislumbrar que “embaixo desta cinza não existam brasas”.
Particularmente, acreditamos que ocorra uma melhora do fluxo no 1º trimestre deste ano, mas no todo não somos otimistas em relação a um fluxo cambial confortável no ano. Naturalmente este fator impactará na formação do preço da moeda americana no nosso mercado.
Entendemos que o Brasil precisa reformular alguns princípios colocados nas privatizações que deseja consumar, de forma a tornar-se atrativo aos investidores estrangeiros, e, se o fizer em tempo, por esta janela poderão fluir muitos recursos externos para o país.
Não somos otimistas quanto ao crescimento do PIB que deve saltar do pouco abaixo de 1% do ano de 2012 para algo em torno de 2,5% em 2013. É muito difícil também termos uma forte reversão ao nível de atividade da indústria nacional e mesmo da grandeza dos investimentos.
Ainda existem muitas incertezas quanto ao comportamento da economia americana, em especial, e europeia.
Mas, certamente, se a economia americana der algum sinal mais concreto de recuperação, tornar-se-á um forte concorrente como destino de investimentos aos países emergentes.
Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO