O mercado global continua criando seus “fantasmas” ou mesmo renovando-os com enfoque renovado, com isto não assume tendências e seus movimentos estão desprovidos de fundamentos, portanto alguns aspectos pontuais são aliviados mas…
O mercado global continua criando seus “fantasmas” ou mesmo renovando-os com enfoque renovado, com isto não assume tendências e seus movimentos estão desprovidos de fundamentos, portanto alguns aspectos pontuais são aliviados mas continuam como preocupações, gerando incertezas em perspectiva, provocando volatilidade.
Afinal até onde a crise “grega” deixa de ser uma preocupação imediata e passa a ser uma renovada preocupação em perspectiva, pois sabidamente o país tem parcas condições de consumar tudo que foi planejado, tendo ainda forte oposição da população que é extremamente ruidosa?
Os Estados Unidos dão sinais de reaquecimento no setor manufatureiro do meio-oeste, mas quais são as perspectivas de investimentos e geração de emprego e renda, sem o que tudo o mais é de menor expressão, já que a atividade econômica americana é dependente do seu consumo interno, que depende da recomposição do poder aquisitivo da população, duramente atingida pela crise iniciado em 2008 e ainda não superada?
E o Japão encontrará solução em suas próprias demandas para reconstrução dos danos do tsunami? Quando efetivamente será recomposto o seu parque industrial exportador, que repercute no nível de sua atividade e na dependência de outros países dos seus insumos?
A China vai desacelerar efetivamente o nível de sua atividade econômica? Se sim, quanto isto impactará no preço das “commodities”, item de grande relevância na performance exportadora do Brasil?
Sobram dúvidas e incertezas, faltam certezas e convicções factíveis!
No Brasil, o preço da moeda americana atingiu seu extremo em torno de R$ 1,55, forçada por uma soberba posição “vendida” liquida de US$ 23,1 Bi detida pelos “hedge funds” no mercado de derivativos, representando elevada aposta no real.
Bancos, mais comedidos, mantem posições opostas equivalentes no mercado de câmbio físico e no mercado de derivativos.
Então, há espaço para apreciar mais o real?
Entendemos difícil, visto que a mudança do cálculo da PTax e o horário de apuração neutralizou fortemente a capacidade de manipulação por parte dos especuladores. O volume de giro no interbancário caiu fortemente após a mudança, ontem registrou somente US$ 1,213 Bi, já que agora a realização das operações que só “faziam espuma”, conhecidas como “bate bola” ou “Zé com Zé” e que artificializavam preço não impactam mais na formação da taxa Ptax.
Não é racional admitir-se que este posicionamento “vendido” dos “hedge funds”, absolutamente especulativo, num montante líquido de US$ 23,1 Bi, encontre liquidez, ou seja oferta de “venda” por alguns “players” para que viabilize a reversão deste posicionamento.
A especulação forçou em demasia a apreciação do real, extrapolando fundamentos, e, em perspectiva, podem entrar num “corner”, pois a liquidez do mercado físico, que está com fluxo negativo, e a queda do giro podem apertar a taxa do cupom cambial e a taxa cambial pode elevar-se como aconteceu mais especificamente em abril.
É importante que o BC não oferte os “swaps cambiais reversos”, deixando espaço para que os exportadores entrem no mercado e sejam eles então a arbitrar com a oportunidade da alta do juro sobre dólar do cupom cambial e da taxa cambial mais elevada.
Darão liquidez no mercado físico, o que evita que a taxa do dólar não se eleve a ponto de preocupar o governo no quesito inflação, mas a trará para um piso um pouco acima, quem sabe algo em torno de R$ 1,58/1,60.
O cenário, entendemos, está adverso para exacerbar, como ocorre, apostas especulativas no real.
Há riscos substantivos a considerar, já que há sinais que vem sendo dados pelo fluxo cambial nos últimos 3 meses que podem dar evidência de que os fluxos líquidos para o Brasil podem estar cadentes, em especial Bovespa, e o simples fato de termos uma taxa de juro absolutamente incompatível para o país e seu conceito de risco pode não ser garantia de investimentos de renda fixa pelos estrangeiros.
Mas, que não se atribua aos rompantes renovados do Ministro Mantega, pré-anunciando novas medidas no câmbio, que nem sempre se confirmam e por vezes são tardias, a discreta recuperação que deverá ocorrer no preço da moeda americana.