Análise do Mercado – 03/12/2012

O Banco Central do Brasil como esperado agiu logo na abertura do mercado de câmbio derivativo com uma oferta de venda de 40.000 contratos de swaps equivalente a US$ 2,0 Bi, dos quais colocou 21.800 contratos equivalente a US$ 1,08 Bi.

 

 

Ao todo o BC está promovendo um impacto venda no mercado de derivativo da ordem de US$ 2,58 Bi, que repercute de imediato no mercado de câmbio à vista com o objetivo de impor o recuo do preço da moeda americana de pouco acima de R$ 2,13 que fechou na sexta-feira, para dentro do nível de conforto, abaixo de R$ 2,10.

Obteve sucesso relativo, a taxa cambial recuou 1,5% a R$ 2,104, mas ainda assim acima do que a autoridade monetária está objetivando neste momento.

Este contexto permite que se tenha a leitura de que possa estar faltando liquidez no mercado à vista, já que não foi absorvida a oferta total de “swaps cambiais” ofertados, o que indicaria que o BC teria que realizar um leilão de venda de moedas efetivas no mercado à vista, para repor o preço abaixo de R$ 2,10.

O PIB absolutamente “nânico” do 3º trimestre, colocando a projeção do PIB para 2012 na linha do 1% e comprometendo as projeções para 2013 que agora tendem a ficar  entre 2,5% a 3,0%, podem sugerir que o BC pudesse de imediato permitir que a taxa cambial se elevasse de pronto, mas isto não é possível por causar repercussões inflacionárias imediatas e comprometer empresas que possam estar expostas em moeda estrangeira, inclusive as mesmas indústrias que têm objetivado incentivar com o real mais desvalorizado.

O forte choque térmico provocado pelo número do PIB do 3º trimestre, deixando à mostra a dimensão do distanciamento entre os anseios contidos nas projeções e a realidade, levou alguns analistas e operadores a imaginar que a mudança na banda cambial de R$ 2,05/R$ 2,10 ocorresse de imediato, mas é imperioso que seja gradual e com observação do comportamento das pressões inflacionárias.

A medida necessária de uma ampla e abrangente desoneração da economia brasileira como política contra cíclica, porém sem escolha de setores que operam melhor ações lobísticas, denota não ser possível por parte do governo, pois já está com problemas para alcançar o superávit primário neste ano.

O temerário é que o emprego vem se mantendo aquecido sabidamente com retenção de mão de obra qualificada por parte de inúmeras empresas, contudo, com a “quebra” das expectativas de crescimento da economia, é possível que esta conduta seja interrompida e então poderemos ter sinais de desemprego mesmo que setorialmente, fato que provocará retração de consumo.

Isto pode agravar mais ainda a sustentabilidade do modelo de crescimento ancorado no consumo estimulado com fácil acesso ao crédito, que já consideramos perto da exaustão, abrindo a perspectiva de crescimento da inadimplência.

É possível admitirmos o preço da moeda americana no entorno de R$ 2,15 ao final do ano, seguindo com ajustes graduais em 2013, porém num movimento pendular com a tendência da inflação.

Este cenário de baixo crescimento, valida as nossas preocupações quanto ao fluxo cambial para o país em 2013, que também estão muito otimistas. Podemos ter recuo nos IED´s em razão da queda da atratividade da economia brasileira e do intervencionismo do governo. Renda fixa e renda variável, esta em especial, dada as poucas perspectivas para o mercado acionário, devem perder volume de investidores estrangeiros.

Com a crise externa perdurando, os preços das “commodities” não devem ser generosos, salvo se ocorrer problemas climáticos em países concorrentes com quebra de safra.

Enfim, há com que se preocupar, pois com o PIB do 3º trimestre trazendo à realidade o quadro de nossa economia, os anseios devem perder lugar nas projeções prospectivas.

O Boletim FOCUS divulgado hoje pelo BC, com data de 30 de novembro, contendo as medianas das projeções das instituições financeiras, elevou a projeção para o US$ no final do ano para R$ 2,07, ainda baixo, certamente sofrerá revisões nas próximas semanas. Por outro lado, reduziu o crescimento do PIB 2012 de 1,50% para 1,27%, que, ao que tudo indica, precisará ser revisto para menor.

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