O mundo global continua confirmando fortalecimento das perspectivas negativas que pairam sobre as economias americana e europeia, que não conseguem dar consistência aos sinais de recuperação, muito pelo contrário, e, em relação à…
O mundo global continua confirmando fortalecimento das perspectivas negativas que pairam sobre as economias americana e europeia, que não conseguem dar consistência aos sinais de recuperação, muito pelo contrário, e, em relação à chinesa, que sinaliza perder a atividade econômica exacerbada, que assim responde às medidas do governo visando conter pressões inflacionárias.
No contexto macro não se nutre expectativas de mudanças significativas no curto/médio prazos, enquanto no contexto micro um ou outro dado mexe pontualmente, de forma discreta, com o comportamento dos mercados, que evidenciam movimentos tipo “onda” fomentando o giro financeiro nos mercados financeiros, sem consolidar qualquer tipo de tendência.
A economia americana vem gerando dados amplamente negativos, sinalizando mesmo uma reversão nas expectativas que chegaram a vislumbrar uma recuperação melhor, e o maior sinal de insegurança e incerteza presentes encontramos no fato dos T-Bills de 10 anos terem sido fortemente valorizados, reduzindo, em contrapartida, a rentabilidade para abaixo de 3,0%, ficando entre 2,97% e 2,98% hoje pela manhã, com o dólar, em regra, fragilizando-se ante o euro e a libra esterlina.
Hoje foi anunciado que o número de pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos, na semana passada, recuou para 422 mil, inferior aos 428 mil da semana antecedente, mas acima das projeções que esperavam tão somente 413 mil. Por outro lado, há preocupação quanto aos dados do “payroll” que será divulgado no final desta semana, havendo um clima negativo.
Agregando-se a uma sequência de dados econômicos ruins divulgados ao longo da semana, a economia americana revelou que as encomendas à indústria caíram 1,2% em abril.
Outro dado que demonstra retração do consumo americano vem dos estoques de petróleo e gasolina mantidos pelo país, que na semana tiveram alta. O petróleo está sendo operado em baixa na Nymex, cotado a US$ 99,53 o barril.
As bolsas americanas não conseguem dar suporte a um movimento recuperatório, parecendo estar mais propensa a um novo “selloff”, já que ainda acumula um ganho neste ano. As demais bolsas dos principais centros econômicos também operaram ou operam em baixa.
No Brasil, a inflação continua dando sinais de contenção, validando assim, perante a comunidade financeira até a pouco muito descrente, que as medidas macro prudenciais adotadas pelo governo e a elevação sensata do juro começam a indicar resultados. Ainda se nota um ritmo de demanda forte, com o segmento de automóveis revelando expressivo aumento de vendas de 10% na comparação maio/abril 2011 e algo como 26% no período de 12 meses, mas o sinal relevante dado pela indústria recuando 2,1% no comparativo abril com março deste ano e 1,3% em relação ao mesmo mês do ano passado, parece não deixar margem de dúvida de que a atividade econômica está desacelerando.
É bastante provável que não seja necessária a elevação de 0,50%, em duas de 0,25%, na taxa SELIC, podendo a mesma ficar onde está ou subir tão somente 0,25%.
O dólar ao preço atual abaixo de R$ 1,60 presta enorme contribuição para o governo na contenção mais imediata da inflação, mas entendemos que neste nível de preço seja bastante arriscado praticar os posicionamentos especulativos presentes no mercado de derivativos, em especial pelos “hedge funds”, que elevaram ontem suas posições líquidas “vendidas”, apostas na apreciação do real, de US$ 14,7 Bi no cupom cambial-DDI e reduzindo para US$ 5,6 Bi no dólar futuro, no todo US$ 20,3 Bi, acima dos US$ 18,5 Bi do dia 31.
O fluxo cambial divulgado pelo BC ontem, tabulado até dia 27 – efetivo 25, deixa evidente que o superávit de US$ 5,626 Bi foi proporcionado pelo fluxo comercial com superávit de US$ 6,082 Bi, enquanto o fluxo financeiro, tão destacado com frequência, revelou-se negativo em US$ 456,0 MM, a despeito do fluxo para a BOVESPA neste mês de maio ter ficado positivo em torno de US$ 1,8 Bi. Os exportadores foram atraídos pela melhora da taxa cambial prevalecente até o dia 25, muito próxima de R$ 1,63 e pela taxa de juro sobre dólar proporcionada pelo cupom cambial-DDI, que está num patamar menor ainda ficou no entorno de 4,0%, dando margem à arbitragem.
Deste fluxo cambial superavitário de US$ 5,626 Bi, o BC retirou do mercado com seus leilões US$ 4,164 Bi, com o saldo impactando na redução das posições “vendidas” dos bancos no mercado físico para algo como US$ 10,2 Bi. Os bancos, por sua vez, estão com posições “compradas” líquidas nos derivativos, data base 1º, de US$ 10,3 Bi no cupom cambial-DDI e US$ 4,7 Bi no dólar futuro, totalizando US$ 15,0 Bi, o que os deixa protegidos quanto a posição exposta no mercado físico.
No final do mês, o BC também deixou de rolar posição vincenda de US$ 1,7 Bi em “swaps cambiais reversos”, o que de certa forma também acentuou a tendência já presente de apreciação do real pelo posicionamento dos “hedge funds”, mas não se pode descartar que o preço da moeda retorne aos patamares de R$ 1,63, atraindo mais uma rodada de ingressos de exportações, novas e já com os dólares liquidados e estocados no exterior, seja por oportunidade de ganho com cupom cambial seja como alternativa ao ingresso de divisas sem ser atingido pelo IOF.
Contudo, não devemos perder de vista que já tem data marcada o término dos fortes movimentos especulativos de virada do mês fomentando a alta ou a depreciação da PTax, visto que, a partir de 31 de julho, a metodologia do cálculo será alterada, neutralizando o impacto das operações de giro no interbancário de caráter puramente especulativo, e apurando a PTax num horário que a protege de forma discreta das influências externas.