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Análise do Mercado – 02/01/2013

FOCUS – RELATÓRIO DE MERCADO –MEDIANAS DAS PROJEÇÕES DO MERCADO FINANCEIRO – DATA BASE: ULTIMA EDIÇÃO DO ANO – ERROS E ACERTOS


ITENS PROJETADOS 2011 p/2012 2012 2012 p/2013
IPCA 5,32% 5,71% 5,47%
IGP-DI 4,99% 8,13% 5,34%
IGP-M 5,08% 7,82% 5,31%
R$/US$ 1,75 2,045 2,09
SELIC 9,50%  7,25% 7,25%
PIB 3,30% 0,98%  3,30%
PInd 3,43% -2,31% 3,50%
C/C US$ -68,0 Bi -53,56 Bi 63,00 Bi
BComl US$ 17,9 Bi 19,30 Bi 15,22 Bi
IED´s US$ 55,00 Bi 60,00 Bi 60,00 Bi

O quadro acima deixa evidente o quanto as projeções formuladas num ambiente de excessivo otimismo, ancoradas muitas das vezes, mais em anseios do que na realidade, podem afetar a visão mais crítica e cética que deve prevalecer neste contexto dando o peso correto às nossas fragilidades e capacidade de torná-las efetivas.

Palavras, discursos até empolgados, por si sós não implementam nada, demonstram tão somente a ansiedade. São necessárias atitudes claras e objetivas, aquela pequena coisa que faz enorme diferença, bem coordenadas por diálogos com os setores produtivos, comprometendo-os com os projetos de governo através de uma coordenação da gestão da política econômica não impositiva e não setorial.

A chave para o Brasil reencontrar o crescimento está centrada no INVESTIMENTO e na COMPETITIVIDADE, não podemos nos enganar pensando que conseguiremos a “reabilitação do crescimento” com a persistência do consumo estimulado à crédito, sob o risco acentuado de “bolhas”, que já emitem sinais preocupantes nos financiamentos de veículos e há também quem mencione, nos programas de casa própria do governo.

Acreditamos que os INVESTIMENTOS na melhor, possam representar em 2013, algo entre 18% e 19% do PIB, baixíssimo quando observamos Chile, Peru, Colômbia, México, etc.

Considerar infinita a geração do emprego é uma ousadia, pois se a economia não evidenciar crescimento, será inviável para o setor produtivo continuar retendo mão de obra qualificada e, poderemos ter sinais adversos neste segmento.

Enfim, o anseio pelo crescimento é grande, mas as nossas fragilidades são muitas e precisam ser mais bem avaliadas, pois incentivos fundamentais e reformas que o governo precisa gerar para o setor produtivo estão acima da sua capacidade atual.

No nosso mercado de câmbio o dólar fechou a R$ 2,045 com “aparência” de realmente valer R$ 2,10, não houvesse ocorrido contundente intervenção do governo, via BC, colocando lotes expressivos de operações conjugadas e “swaps cambiais” ao prazo de 90 dias.

A taxa cambial de final do ano tem impactos muito relevantes nos lucros do setor financeiro, inclusive do BC sobre o montante das reservas cambiais, e, pode também mitigar/atenuar as perdas, inclusive do setor privado eventualmente exposto a risco de variação cambial não “hedge”.

Os “players” do mercado “apostaram” na perspectiva de que em até 90 dias melhore o fluxo cambial para o Brasil, como consequência da readequação das medidas restritivas ao ingresso de recursos externos como ampliação dos prazos dos Pagamentos Antecipados as Exportações e redução do prazo para os Empréstimos Externos com incidência do IOF de 6%.

Dezembro teve um fluxo cambial que deixou bastante evidente a expressiva queda do fluxo cambial para o Brasil, tendo sido expressivamente negativo.

Nosso entendimento é que haverá uma melhora no fluxo cambial, provavelmente menos expressivo do que possa estar sendo projetado e, também que se concentre tão somente no 1º trimestre, pois no todo vemos o fluxo cambial para o Brasil em tendência de piora.

Os IED´s poderão se tornar uma excelente fonte de recursos externos, mas acreditamos que o governo precise rever suas regras de licitações para a infraestrutura. É importante não perder de vista que o investidor é focado no resultado possível da operação.

As operações de renda fixa ainda atraem, porém muito menos do que antes, hoje a atratividade é baixa.

A BMF&Bovespa vive um momento critico, perdeu 17 empresas em 2012 e conquistou somente 3, ao mesmo tempo em que conviveu com quedas expressivas nos seus principais papéis.

Corretores registraram relevantes prejuízos e discutem a viabilização do futuro. E ainda, paira um risco da NYSE procurar ter presença no mercado brasileiro. Não vemos razões para otimismos em relação a nossa Bovespa.

A crise internacional deve continuar afetando o crescimento global e isto afeta os preços das “commodities” agrícolas e metálicas, nosso carro forte nas exportações.

A Europa continua sem solução sustentável e assim deve perdurar o quadro em 2013.

A China deverá crescer menos, demandando menos insumos do mercado global, dado o seu modelo de crescimento ter como base as exportações.

Os Estados Unidos conseguiu que o Congresso aprovasse um projeto de lei “ao apagar das luzes” para evitar o temido “penhasco fiscal” protelando aumento de impostos e cortes profundos e generalizados de gastos. Resolve o curto prazo e deixa uma série de questões sem respostas.

O Presidente Obama afirmou que foi tão somente um passo dentro de um esforço mais amplo de fortalecimento da economia americana. E ainda destacou que o déficit americano é alto demais e que está aberto a discutir sua redução de forma equilibrada.

Como sempre, a repercussão dos mercados será muito maior do que o fato em si, mas o ajuste virá posteriormente.

O cenário “sem ilusões” que ousamos projetar para 2013 é um fluxo cambial bastante apertado para o Brasil, principalmente após o 1º trimestre, com o crescimento do PIB no entorno de 2,5% e dólar cotado ao final do ano em R$ 2,30 repercutindo a queda do fluxo cambial.  Parece-nos também difícil que o governo consiga cumprir o superávit primário “cheio” de 3,1%.

 


Sidnei Moura Nehme
Economista e Diretor Executivo da NGO

 

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