Novos tempos na formação do preço da moeda americana no nosso mercado de câmbio físico?. Nossa expectativa é que sim! Se tudo funcionar como definido, deverá haver relevante descontaminação da manipulação forjada pelo giro de operações…
Novos tempos na formação do preço da moeda americana no nosso mercado de câmbio físico?
Nossa expectativa é que sim! Se tudo funcionar como definido, deverá haver relevante descontaminação da manipulação forjada pelo giro de operações com a finalidade única de fomentar distorção na formação da Ptax diária, e, reconquistar para o mercado de câmbio físico a predominância da influência na formação do preço.
Consideramos que a medida proporcionará efetivamente uma melhor formação do preço da moeda americana, evidentemente isto não quer dizer que sairá muito dos parâmetros atuais, mas que torne menos frequente e viável distorções que se evidenciam como a costumeira apreciação do real mesmo em ambiente de fluxo negativo, afora outras.
A estratégia do BC ao alterar a formulação do cálculo de média ponderada apurada a partir da massa operacional, para média aritmética simples abstraída da massa operacional, com base na tomada de preços praticados em 4 horários pontuais, neutraliza sensivelmente a influência que existia, quase domínio, do mercado de derivativos na formação do preço, inclusive com o fator adicional do horário, que retira espaço de manobra.
O maior nível de liquidez em moeda americana é predominante nos mercados futuros negociados na BM&FBovespa, o que conduz os agentes a realizar operações casadas entre os dois mercados, e isto gera a distorção já que a taxa que baliza os contratos futuros mais líquidos é definida pelos agentes no mercado à vista, ponderada pela massa transacionada, há todo final do mês, uma pressão conhecida como disputa entre “comprados e vendidos” no mercado futuro.
Se o intento for alcançado o mercado de câmbio à vista poderá conquistar maior volume e passar a realizar operações que hoje se deslocam para o mercado futuro da BM&FBovespa, mas entendemos fundamental, também, que o BC reveja os normativos e permita uma atuação das empresas, desde que fundadas em operações lastreadas, com operações futuras, a preços de moedas futuros, em todas as suas modalidades, no mercado de câmbio físico. Com esta atitude, certamente o mercado de câmbio físico dará um passo à frente para o seu aperfeiçoamento dinâmico e de formação de preço.
Ontem, final do mês, com os “hedge funds” posicionados liquidamente “vendidos” em US$ 20,9 Bi, cupom cambial-DDI e dólar futuro, enquanto os bancos estavam confortáveis com US$ 14,0 Bi liquidamente “comprados” ancorando uma posição oposta liquidamente “vendida” de US$ 14,0 Bi no mercado de câmbio físico.
Particularmente, acreditávamos até numa apreciação maior do real ontem, mais próximo de R$ 1,55, porém fechou a R$ 1,562, menor preço desde 4 de agosto de 2008. A aposta dos “hedge funds” na apreciação do real é bastante substantiva, justificando a projeção que formulamos, pois esperamos que resistam.
A BM&FBovespa já tornou público que desenvolverá uma “Ptax paralela” baseada no seu mercado de câmbio, ainda com baixo volume, e o BC, pelos sinais iniciais, não tem uma posição de oposição, mas acreditamos que o que determinará o futuro desta intenção não é o fato de criar-se uma taxa marginal à Ptax do BC, mas o uso que se fará da mesma, que, então, pode ser obstado pela autoridade monetária.
Consideramos a mudança um avanço, que pode ser complementado com outras medidas ampliando a operacionalidade do mercado de câmbio físico, naturalmente sujeita a criticas pelos investidores especuladores que são muitos e que tendem a reagir ao incomodo buscando atalhos, mas o novo sempre provoca reações, afinal “remédio bom costumeiramente é amargo”.