O Banco Central do Brasil está clara e fortemente “operando” nos mercados de câmbio físico e futuro, não há como negar isto ante tantas evidências diárias. Parece incontestável que a autoridade não deseja o preço da moeda americana distante do…
O Banco Central do Brasil está clara e fortemente “operando” nos mercados de câmbio físico e futuro, não há como negar isto ante tantas evidências diárias.
Parece incontestável que a autoridade não deseja o preço da moeda americana distante do entorno de R$ 1,67, e a sua mesa operacional atua com estratégia, coisa que não era perceptível nos últimos anos, confrontando com os movimentos especulativos, procurando deter o “comando” sobre a formação da taxa cambial, ou, pelo menos, a defendendo das atipicidades impostas pelos “players”, costumeiras num passado recente, onde o BC era muito rotineiro.
Contudo, todo o seu empenho é mais efetivo na contenção de apreciação maior do real, já que não há estratégia operacional que possa neste momento elevar o preço da moeda americana, que também não é desejável, pois agregaria pressão inflacionária, salvo se baixasse normas restritivas e contingenciadoras do fluxo cambial de ingresso, o que não seria recomendável, já que provocaria um desgaste fortíssimo perante a comunidade internacional, e, em última instância, poderia ir contra interesses do país, que tem uma projeção de déficit em transações correntes da ordem de US$ 70,0 Bi, admitindo-se que o volume de IED´s e de saldo de balança comercial não serão suficientes para financiá-lo neste ano.
Portanto, mais uma vez reafirmamos a nossa convicção de que o preço da moeda americana deverá ser mantido no entorno de R$ 1,67.
Hoje no leilão de compra a termo para 4 de abril pagou R$ 1,672, com estas intervenções com prazos curtos vai balizando o preço da moeda no ponto desejado.
Mas entendemos que o governo “está devendo” um incentivo ao exportador não agrícola, desonerando-o e assim viabilizando a recomposição da competitividade nos seus preços.
Como ganha convicção a tendência de perspectiva de economia mais fraca, em processo de desaquecimento, às vésperas da decisão do COPOM sobre a taxa SELIC cresceu os indicativos pró-consenso de elevação de 0,50%, fazendo então o aperto monetário com observância do ritmo de esfriamento da economia, que por si só, pode corrigir o desequilíbrio entre oferta e demanda presente na economia, permitindo até que a elevação do juro não precise ser na magnitude que está sendo projetada, porém com a implementação de maior rigor nas medidas prudenciais já implementadas a partir de dezembro, com resultados preliminares promissores.
Continuamos entendendo que uma elevação de 0,75% seria melhor neste momento, não por determinar impactos maiores no crédito, mas pelos efeitos benéficos que a atitude traria para a credibilidade dos novos gestores, já que esta história de emitir sinais para o mercado, etc, faz parte de uma rotina viciada do mercado financeiro. Entendemos que “o remédio deve ser prescrito no momento da aferição da febre”, e no nosso caso está crescente e já há pessimistas projetando IPCA bem acima de 6,0%.
O governo precisa ser firme para ancorar as expectativas, já que o anúncio da especificação do corte no orçamento ocorrido ontem não mudou o ceticismo dos analistas do mercado financeiro, que viram corte expressivo de “fumaça”, ao envolver cortes em emendas que se apoiavam em elevações de receitas improváveis no orçamento pelos congressistas e, mesmo o Minha Casa, Minha Vida envolveu verbas que ainda não haviam sido aprovadas pelo Congresso.
Para surpresa geral, até o Ministro Mantega que, quando anunciou o corte atribuiu ao mesmo a característica de “injeção na veia da inflação”, ontem, contrapondo-se a sua própria tese, afirmou que o objetivo não é de contenção inflacionária.
Importante observar que apesar da restrição ao crédito, a venda de veículos novos no país bateu recorde em fevereiro registrando 274 mil licenciamentos, como salienta a Folha de SP em edição de hoje. Expansão de 12,1% no número de emplacamentos em relação a janeiro e 24,2% em relação a fevereiro de 2010, quando ainda havia incentivo da redução do IPI.
Por isso, entendemos que o crédito precisa de mais arrocho, é preciso agir rápido para corrigir os efeitos da política expansionista do governo passado, para que o país possa impulsionar seu crescimento de forma sustentável, focando investimentos em infraestrutura, já que este é um fator extremamente limitante à expansão do nosso PIB.
A balança comercial registrou superávit de US$ 1,199 Bi em fevereiro e acumula no ano US$ 1,622 Bi.
No exterior, as bolsas asiáticas repercutiram dados da economia americana, mas nos Estados Unidos, a fala de Bernanke chamando atenção para a realidade de que a permanência do preço do petróleo em níveis de preços muito elevados pode prejudicar os sinais da economia americana tendentes à melhora, acabou por estabelecer o negativismo, deixando de lado dados da economia que sugeriam otimismo.
O dólar cai ante o euro, agora com a cotação de US$ 1,3813. O barril do petróleo light era cotado a US$ 98,31 na Nymex, em alta. Os T-Bills de 10 anos apontavam rentabilidade de 3,46% e as 3 bolsas americanas operavam em baixa.