Bolsa sobe, num ambiente sugestivo a grandes realizações de lucros por parte dos investidores, em especial com a debandada dos especuladores estrangeiros, já que não há fatores motivadores ao entendimento de que o mercado acionário possa ter reação positiva sustentável no curto/médio prazo.
Por outro lado, o preço da moeda americana cai confrontando com a clara tendência de alta a partir das crescentes perspectivas de intensificação do fluxo cambial negativo ao longo deste segundo semestre.
A este comportamento se atribui como causa a perspectiva de queda nas pesquisas eleitorais pelo governo atual, mas a reação parece bastante assimétrica, pois não sanciona etapas que os mercados de ações, câmbio e até mesmo de juro desfavoráveis que deverão ser enfrentadas.
Se crível a percepção do mercado financeiro de que o atual governo perde terreno e mesmo a crença de que a oposição poderá vencer o pleito eleitoral, nenhuma das duas hipóteses tornará o pais imune as ocorrências negativas que deverão ocorrer ainda neste 2º semestre do ano, no curtíssimo prazo.
Não há, a rigor, mecanismos ou estratégias para no curtíssimo prazo reaquecer a atividade econômica, fazendo-a recuperar parâmetros de arrecadação capazes de permitir o alcance da meta de 1,9% de superávit primário, e nem mesmo repondo a atratividade perdida pelo país para os investimentos internos e externos, fundamentais para que seja restabelecida atividade econômica, por isso se acentuam, cada vez mais, as projeções de crescimento cadente.
Desta forma, a reação do mercado financeiro à eventual piora das perspectivas eleitorais do atual governo tem uma relativa ambiguidade, já que acaba por não sancionar as perspectivas ruins de curtíssimo prazo, que dificilmente deixarão de ocorrer.
Este contexto descola o preço dos ativos das suas realidades e perspectivas mais imediatas, distorce percepções mais pontuais do quadro econômico e, em especial, fiscal do país, podendo provocar forte volatilidade e deixando latente o risco de ajustes bruscos quando tenderem a ajustar seus preços de forma técnica e não emocional.
Então, o que se presencia nos preços dos ativos financeiros na grande maioria revela distorções face à realidade presente e projeções dentro deste semestre.
O que nos parece relevante é que seja o atual governo reeleito, ou seja a oposição eleita, não há como ser desconsiderado o interregno que representa este 2º semestre e impossibilidade de alterar o que praticamente está “dado” e só falta tornar-se efetivo.
A nossa BOVESPA tem um nível de atratividade muito ruim e isto faz parte das consequências das projeções críveis de baixo crescimento, etc, etc.
O preço da moeda estrangeira, a despeito de sempre salientarmos que temos as reservas cambiais, deve sofrer pressões de alta advindas das saídas de recursos externos, que previsivelmente deve ocorrer.
A inflação que vem sendo beneficiada muito mais pelo esfriamento da demanda, como consequência do elevado endividamento da população e recuo expressivo do setor creditício na concessão de financiamentos, e menos da elevada taxa de juro, que no Brasil é frágil elemento de contenção de demanda, tende a ficar no entorno do teto máximo da meta oficial.
Na margem, ainda há preocupações com sinais mais consistentes de desemprego, já que é o último bastião com que conta o governo no rol de suas conquistas.
Mas, enfim, a reação do mercado financeiro elevando os preços das ações na Bovespa e convivendo satisfeito com o dólar depreciado parece postura desalinhada com a realidade de curto prazo.
A dúvida que persiste é quando a reação consubstanciada em prévias eleitorais sucumbirá frente à realidade, que necessariamente o país terá que enfrentar ao longo deste segundo semestre. Seja um ou outro o vencedor das eleições, em nossa convicção, não há como eliminar do painel prospectivo o que ainda deverá ser enfrentado neste segundo semestre.
Os movimentos sob efeitos das pesquisas são oportunistas e especulativos, causam volatilidade e podem determinar aumento substantivo de riscos.
Por isso, temos preferido manifestar nosso ponto de vista projetando o curto prazo com queda na Bovespa, alta no preço do dólar e inflação pressionada.
Pode demorar um pouco, mas este é o cenário que deverá predominar neste segundo semestre, a partir provavelmente do mês de agosto próximo.